POR ROBERTA SOARES, DA COLUNA MOBILIDADE
A redução drástica de passageiros nos ônibus devido à pandemia do coronavírus já provocou um prejuízo de R$ 22 milhões ao Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Os dados são do governo de Pernambuco e dizem respeito aos últimos 14 dias (de 16/3 a 29/3). A queda de demanda que na primeira semana da crise estava em 45% já chegou a 74%. Ou seja, apenas 450 mil pessoas estão sendo transportadas diariamente no Grande Recife - nos dias normais, seriam 1,8 milhão de pessoas. Por isso, o Estado planeja novas mudanças na operação, que foi reduzida - pelo menos oficialmente - em 25% das viagens.
O Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) está analisando a demanda da última semana para que a programação seja revista a partir de 1º de abril. Embora o Estado não tenha deixado claro na resposta que encaminhou por email ao JC, a expectativa é de que menos ônibus sejam lançados diariamente, ao menos nos horários de menor movimento. O plano de contingência exigido nos horários de pico, entretanto, deve ser mantido. Segundo o governo, 78 ônibus foram alocados nos terminais integrados de maior movimento com o objetivo de evitar acúmulo de passageiros nas filas.
O Estado afirmou que algumas empresas têm tido dificuldade em manter a frota estabelecida pelo órgão gestor por causa da queda da demanda, embora estejam sendo disponibilizados os veículos extras nos horários de pico. Além de reduzir a frota em 25% e exigir uma ampla higienização dos veículos, o governo também exigiu que os passageiros viajassem, preferencialmente, sentados. E, para isso, ampliou a fiscalização - inclusive com PMs - nos terminais integrados. Entre os dias 19/3 e 24/3, a gerência de fiscalização registrou 14 autos de infração por descumprimento da programação pelas empresas de ônibus.
GRATUIDADE DE IDOSOS
Novas medidas para conter a proliferação do coronavírus pelo transporte público - como a suspensão do VEM Idoso, já adotada em algumas cidades - , estão sendo estudadas, segundo o governo. Está sendo analisada a efetividade da possível suspensão, já que tem sido observada redução significativa do uso do sistema por esses passageiros. As cidades que adotaram a medida o fizeram porque vinham identificando um grande número de usuários acima dos 65 anos.
O setor empresarial de ônibus que opera o serviço da RMR, representado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), está silenciado desde o início da crise. As manifestações têm sido feitas apenas nacionalmente, pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano ( NTU), que contabiliza os prejuízos e diz que, caso nenhum socorro seja dado ao setor, muitos serviços poderão ser suspensos a partir do dia 5 de abril. Segundo dados da própria NTU, a queda de demanda de passageiros na RMR está em 76% e a redução da frota é de 40% - dados diferentes do que vem sendo divulgado oficialmente pelo governo de Pernambuco.
METRÔ
No caso do Metrô do Recife, a demanda também segue em queda. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Pernambuco, a queda atual é de 73,2% na Linha Centro e de 85,8% na Linha Sul. O setor de transporte sobre trilhos amarga perdas e dificuldades em todo o País.
SÃO PAULO JÁ AUMENTOU SUBSÍDIOS PARA SOCORRER TRANSPORTE
Em entrevista coletiva no final da manhã desta segunda-feira (30/3), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, confirmou que o Estado gastará R$ 375 milhões por mês para manter empregos de 108 mil trabalhadores de empresas terceirizadas que prestam serviços para a prefeitura ou de concessionárias - como as empresas de ônibus - para garantir o emprego de motoristas, cobradores e outros profissionais do setor. A medida faz parte de um projeto de lei do Executivo com ações emergenciais para minimizar os impactos econômicos do avanço do coronavírus. Em Pernambuco, os empresários de ônibus estariam - segundo denúncia dos rodoviários - ameaçando demitir 60% do quadro de motoristas, cobradores e fiscais.
LEIA MAIS CONTEÚDO NO www.jc.com.br/mobilidade