Diferentemente do que aconteceu em São Paulo, o rodízio de veículos criado como uma da medidas do lockdown no Recife e em quatro cidades da Região Metropolitana não jogou as pessoas para o transporte público. Ao contrário. Os dados oficiais do governo de Pernambuco mostram que a perda de passageiros aumentou depois do início do isolamento social mais rígido. Teria havido uma queda de 25% na demanda, que já vinha sofrendo uma redução de 69%.
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A informação é oficial e relacionada ao sábado (16/5), primeiro dia de adoção do lockdown na capital pernambucana e nas cidades de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata. Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), a comparação foi entre o dia 16/5 e o dia 9/5, quando havia a quarentena apenas recomendada. De fato, com exceção de algumas denúncias pontuais de ônibus cheios nas linhas operadas pela Empresa Vera Cruz, no subúrbio da Zona Sul da Região Metropolitana, o movimento de passageiros nos coletivos era visivelmente menor.
Quinze terminais integrados receberam frota reserva para ser utilizada se a demanda exigisse, mas o que se via eram ônibus saindo com a maior parte dos passageiros sentados. “De fato, os ônibus estão circulando sem lotação. Em geral, todo mundo sentado. E isso é desde a semana passada. O que passamos a ver com mais frequência é o uso das máscaras. Agora, por outro lado, o intervalo está maior”, afirmou Eliane Barbosa, passageira do Terminal Integrado de Joana Bezerra, unidade que conecta a Zona Oeste com as Zonas Sul e Norte do Recife.
Embora quase a totalidade de usuários estivesse utilizando máscaras, muitas das regras anunciadas pelo governo do Estado não estavam sendo exigidas. Foi o caso da verificação de necessidade de deslocamento. O CTM chegou a anunciar que os passageiros do transporte público teriam que apresentar declarações de empregadores ou autônomos que justificassem a circulação, mas a reportagem não presenciou cobranças do tipo em nenhum dos terminais que visitou.
No Metrô do Recife, que seguiu com a mesma operação reduzida adotada desde o início da pandemia (das 6h às 9h e das 16h30 às 20h), a redução de passageiros também foi confirmada. “Está bem mais tranquilo. As pessoas, de fato, ficaram em casa. Geralmente pego o metrô lotado, por volta das 8h, e dessa vez estava bem tranquilo. Pouquíssimas pessoas em pé. Quase todos os passageiros sentados”, afirmou o vigilante Wellington Belarmino da Silva.
FENÔMENO OPOSTO EM SÃO PAULO
Em São Paulo, o fenômeno no transporte público foi ao contrário. Com a ampliação do rodízio veicular para 24h e em toda a capital paulistana, o metrô, os trens e os ônibus pagaram a conta. Na primeira semana do rodízio mais rígido, a CPTM (trens metropolitanos) teve um aumento de 12% no número de passageiros. Já no metrô, somando as três linhas administradas pelo Estado (Linha 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha), e as linhas concedidas à iniciativa privada (Linha 4-Amarela – ViaQuatro e Linha 5-Lilás – ViaMobilidade), o crescimento da demanda foi em média 8%. Os ônibus da EMTU, por sua vez, tiveram na segunda-feira (11), 16% mais pessoas transportadas, saltando de 490 mil para 570 mil passageiros. No restante da semana a média de crescimento foi de 11,3%.
A sobrecarga que o rodízio mais rígido provocou no transporte público, inclusive, chegou a gerar desgaste político entre a prefeitura paulistana - que coordena o restrição veicular na capital - e a Secretaria Metropolitana de Transportes - que gerencia o metrô, os trens e os ônibus metropolitanos. O desgaste foi tanto que o prefeito Bruno Covas suspendeu o rodízio ampliado.
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