Embora a preocupação em não sobrecarregar ainda mais o transporte público tenha predominado nas falas dos secretários estaduais que explicaram o plano de convivência com a covid-19, nenhuma estratégia foi anunciada para evitar as aglomerações frequentes e diariamente denunciadas pelos passageiros nos horários de pico durante a retomada parcial da rotina. Nada. Nem para o sistema da Região Metropolitana do Recife, muito menos para o transporte intermunicipal, que teve a operação suspensa logo no início da pandemia, ainda em março, e depois passou a operar com apenas 10% da frota.
É o transporte intermunicipal, inclusive, quem tem papel fundamental para o deslocamento de setores como a construção civil, por exemplo, que terá a retomada das atividades na segunda-feira (8/6). Muitos dos trabalhadores do setor residem na Zona da Mata e trabalham na capital ou em cidades do Grande Recife. O governo de Pernambuco chegou a suspender todo o serviço no dia 20 de março, mas no dia 23 voltou atrás e determinou a operação parcial do transporte coletivo intermunicipal rodoviário no Estado, sistema operado por ônibus rodoviários e que liga a Região Metropolitana do Recife a cidades do interior (Zona da Mata, Agreste e Sertão) e entre os municípios dessas regiões. Mesmo assim, com restrições: apenas para funcionários e colaboradores de serviços essenciais e autorizados. Para quem não sabe, o Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros do Estado de Pernambuco é operado por doze empresas e tem 130 linhas. A gestão do serviço é da Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI), que informou apenas que “por enquanto não há mudanças na operação”.
O retorno sobre a operação do serviço de ônibus na Região Metropolitana do Recife foi parecido. O governo do Estado segue afirmando que a situação está sob controle e que não há lotação nos ônibus, embora nesta segunda-feira (01/6), primeiro dia após o fim do lockdown em cinco cidades da RMR, mais aglomerações tenham sido presenciadas nas paradas de ônibus e nos terminais integrados, o que será potencializado com a reabertura das atividades econômicas no Estado. Por nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação - gestora do serviço - informou que “continuará monitorando e fiscalizando a circulação dos ônibus e a demanda dos usuários ao longo dos dias para fazer os devidos ajustes, caso sejam necessários”. E que continuará disponibilizando, nos 15 principais terminais integrados, 110 ônibus extras.
Sobre a ampliação do serviço para a retomada de algumas atividades econômicas, disse estar avaliando o percentual de incremento que será necessário implementar a partir da próxima semana. “Vale registrar que o retorno às atividades está sendo planejado com horários de funcionamento que minimizem o impacto no horário de pico”, destaca a nota. O transporte por ônibus metropolitano segue operando com 53% da frota desde que a pandemia começou, com a realização de 55% das viagens. Ou seja, com apenas metade da oferta. O mesmo acontece com o Metrô do Recife, que tem funcionado apenas nos horários de pico da manhã (6h às 9h) e da noite (16h30 às 20h), registrando lotações nesses horários.