Metrô do Recife amplia operação em apenas 2h para nova etapa de reabertura econômica. É muito pouco para evitar aglomerações

Na segunda (15), sistema passará a operar das 05h30 às 09h30 e das 15h30 às 20h. Passageiros devem continuar sofrendo com superlotação e risco de contaminação pelo coronavírus
Roberta Soares
Roberta Soares
Publicado em 12/06/2020 às 9:47
O Metrô do Recife segue vivendo seu calvário. Sistema deve ser concedido à iniciativa privada Foto: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM


Operando desde o início da pandemia apenas quatro horas nos picos da manhã e da noite, o Metrô do Recife acaba de anunciar que vai ampliar o seu horário de operação a partir da segunda-feira (15/6), quando acontece a quarta etapa da primeira fase da retomada das atividades econômicas determinada pelo governo de Pernambuco, com a reabertura do comércio. Mas os passageiros não devem se animar porque a lotação no sistema deverá continuar. A Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife anunciou apenas uma hora a mais de operação no pico da manhã e uma hora no da noite. Ou seja, as Linhas Centro e Sul estarão funcionando das 05h30 às 09h30 e das 15h30 às 20h. Até agora funcionavam das 6h às 9h e das 16h30 às 20h. E a operação da Linha Diesel (VLT) continuará suspensa.


A CBTU tem dois argumentos para justificar a insuficiente ampliação do serviço. O primeiro deles é o pouco crescimento de demanda. Alega que houve um acréscimo de apenas 8,17% do número de passageiros desde o início da implantação do Plano de Monitoramento e Convivência com a covid-19 criado pelo governo do Estado, no dia 1º de junho, o que não justificaria uma operação mais ampla. Para quem está fora dos trens, apenas monitorando a situação, pode ser. Mas para aqueles que estão no interior da composição, espremidos, com medo de contaminação, mas tendo que chegar ao trabalho no mesmo horário de sempre - já que os empregadores não os flexibilizaram -, a percepção de um acréscimo de quase 10% de usuários é bem diferente. A companhia argumenta que está com apenas 30% da demanda anterior à pandemia e, por incrível que pareça, não acredita que ela aumente na próxima segunda com a abertura do comércio.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM - Para a CBTU, que está fora dos trens, aumento da demanda não justifica ampliação. Mas e para quem está espremido nos vagões, com medo de contaminação e tendo de ir trabalhar?


O segundo argumento da CBTU é a falta de efetivo. Explica que está com 50% dos empregados da operação e manutenção afastados por pertencerem ao grupo de risco da covid-19, o que impossibilita e dificulta, no momento, uma ampliação maior dos horários de funcionamento. De fato, isso é verdade. Mas a população que precisa do metrô e que muitas vezes inicia naquele sistema uma jornada de horas de viagem posteriormente nos ônibus não pode pagar por isso. Além disso, a operação parcial do sistema metroviário sobrecarrega o serviço de ônibus e amplia a exposição de passageiros-trabalhadores. Ou seja, seguimos fingindo que o transporte público importa e que trabalhamos para evitar a propagação do coronavírus entre os usuários.
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