Os motoristas e cobradores silenciaram sobre o adiamento anunciado pelo governo de Pernambuco para cobrar o cumprimento do retorno dos cobradores e o fim da prática da dupla função nos ônibus em circulação na Região Metropolitana do Recife. Ao mesmo tempo, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) informou que iniciou, nesta quinta-feira (3/12), a fiscalização orientativa das empresas.
Os trabalhos teriam acontecido pela manhã, no Terminal de Santa Rita, no Bairro de São José, Centro do Recife, que embora não seja integrado, concentra um alto número de linhas que circulam apenas nos limites da capital. Como a intenção do CTM é começar exigindo o cumprimento das mudanças apenas nas linhas da capital, a estação de passageiros ficou mais fácil. O órgão, no entanto, não repassou qualquer outra informação ou fotos da fiscalização. O número das linhas que fazem parte do sistema municipal também não foi informado.
Esta quinta-feira (3) deveria ser o dia D para o cumprimento da Lei Municipal 18.761/2020, que proíbe a dupla função pelos motoristas de ônibus no Recife, e da Portaria 167/2020 do CTM, que garantia o cumprimento metropolitano da lei e a volta dos cobradores a todos os coletivos da RMR, mas o governo de Pernambuco decidiu considerar os argumentos dos empresários e ampliou o prazo para a fiscalização. Na segunda-feira (30), o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) encaminhou um documento para o CTM questionando as determinações. No ofício, além de fazer diversos questionamentos sobre a aplicabilidade e ilegalidade da Lei Municipal 18.761/2020 também pedia que a portaria fosse anulada.
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Por nota, o governo de Pernambuco disse que a implantação gradual da portaria começaria pelo município do Recife e, não mais, pela RMR. E que isso aconteceria enquanto seriam discutidos os impactos operacionais e econômico-financeiros no sistema de transporte público da RMR. “O Consórcio espera evoluir em entendimento com os sindicatos ao longo dos próximos dias. Até a próxima terça-feira (8/12), a fiscalização terá caráter orientativo”, diz a nota enviada à imprensa.
Já os rodoviários ficaram indignados com o recuo do governo do Estado. "Vamos conversar com nosso pessoal, direção do sindicato e nosso setor jurídico. Depois, agendarei com o governo para dar um retorno, levando em conta o sentimento de revolta da população e dos trabalhadores. A gente entende que é um estelionato político o que eles estão praticando. Nos pediram um prazo para que consigam adaptar o retorno do pessoal para toda a área metropolitana, porém, o Recife vai ter que voltar até o dia 8. Falei que me reuniria com minha equipe e voltaríamos a tratar. Acordo é acordo, eles têm que cumprir", disse o presidente do sindicato, Aldo Lima.