JC NAS ESTRADAS
A Coluna Mobilidade está percorrendo alguns dos principais eixos rodoviários da Região Metropolitana do Recife na série de reportagens JC nas Estradas. A proposta é mostrar os gargalos viários, o impacto da transformação de muitas dessas estradas em avenidas urbanas para a população, e dentro do possível, fazer sugestões que possam melhorar a infraestrutura.
Confira a série de reportagens JC NAS ESTRADAS
Insegurança viária por toda parte na Estrada da Muribeca, no Grande Recife
Para validar as visitas, conta com a parceria de engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE). Na Estrada da Muribeca, a participação foi do vice-presidente do Crea-PE, Stênio Cuentro, e do consultor em pavimentação e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Sidiclei Magalhães.
PROBLEMAS HISTÓRICOS
Os engenheiros que acompanharam a Coluna Mobilidade na Estrada da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, são unânimes em afirmar que o principal gargalo a ser enfrentado na restauração da rodovia que virou avenida é a interseção com a BR-101. O ponto, como explica o vice-presidente do Crea-PE, Stênio Cuentro, é um dos mais perigosos de toda a Região Metropolitana do Recife.
Esse deveria ter sido o principal ponto a ser atacado pelo poder público. Sem dúvida. É um conflito que precisa ser resolvido logo. É perigoso para o tráfego de veículos e ainda mais para a circulação de pedestres e ciclistas. Compromete qualquer intervenção no Eixo de Integração”,Stênio Cuentro, vice-presidente do Crea-PE
O conflito existente na rotatória da BR-101 que dá acesso à Estrada da Muribeca (ao Oeste) e à Avenida dos Guararapes, em Prazeres (ao Leste) é antigo e nem mesmo a restauração da rodovia federal conseguiu resolver. Ao contrário, potencializou o risco, que não é maior porque há redutores de velocidade na área. Há um projeto antigo, que hoje estaria avaliado entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões - valor pequeno para a engenharia -, prevendo a construção de dois viadutos perpendiculares à Estrada da Muribeca.
Os equipamentos elevariam o tráfego pesado do eixo federal e jogariam o conflito da saída da PE-17 por baixo. Uma rotatória semelhante à existente em frente à Reitoria da UFPE, na Zona Oeste do Recife, por exemplo. O projeto foi feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mas não avançou. Sendo assim, sofrem todos: os veículos que precisam entrar e sair da Estrada da Muribeca e os que passam pela BR porque sofrem a interferência no tráfego; e, principalmente, os pedestres e ciclistas. Vê-los atravessar a BR-101 é angustiante. É uma aventura.
“Esse deveria ter sido o principal ponto a ser atacado pelo poder público. Sem dúvida. É um conflito que precisa ser resolvido logo. É perigoso para o tráfego de veículos e ainda mais para a circulação de pedestres e ciclistas. Compromete qualquer intervenção no Eixo de Integração”, diz Stênio Cuentro, vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE).
Para se ter ideia, se houver controle de 30% do excesso de peso que passa por uma rodovia, você pode reduzir a vida útil do pavimento em 60%. Ou seja, a sobrecarga faz com que um pavimento que deveria durar dez anos, dure apenas quatro anos. Por isso é preciso controle”,Sidiclei Magalhães, consultor em pavimentação
SOBRECARGA
Outro aspecto importante que precisa ser verificado pelo governo de Pernambuco na restauração é a sobrecarga dos veículos pesados que trafegam na rodovia - são 23 mil veículos passando por dia pelo corredor. Pela característica industrial dos primeiros seis quilômetros e sendo o acesso ao aterro sanitário CRT Candeias, que processa o lixo da RMR, a PE-17 recebe muitos veículos transportando mais peso do que deveriam. “Se esse aspecto não for cuidado, todo o dinheiro investido no projeto de restauração será perdido. Podemos dizer, com segurança, que pelo mil viagens de caminhões são realizadas diariamente na rodovia", adverte Stênio Cuentro.
O engenheiro Sidiclei Magalhães, consultor em pavimentação e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), lembra, ainda, que estudos apontam que a sobrecarga é uma das interferências que mais danos provocam às estradas. “Para se ter ideia, se houver controle de 30% do excesso de peso que passa por uma rodovia, você pode reduzir a vida útil do pavimento em 60%. Ou seja, a sobrecarga faz com que um pavimento que deveria durar dez anos, dure apenas quatro anos. Por isso é preciso controle”, alerta.