BR-101, no Grande Recife, não é segura, mesmo após restauração de R$ 192 milhões, diz Crea-PE
Obras da rodovia, no entanto, já estão em 95%, mesmo com os atrasos. Conselho alega que pavimento já apresenta problemas e faltam equipamentos urbanos para dar segurança
Apesar de o governo federal ter investido R$ 192 milhões no projeto de restauração no chamado contorno urbano que a BR-101 faz no Grande Recife, a rodovia segue sem segurança. A afirmação foi feita pelo vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), Stênio Cuentro, durante debate na Rádio Jornal para discutir a situação das estradas no Estado. Segundo o engenheiro, que em 2017 assinou um alerta de equívocos que estavam sendo cometidos na obra da rodovia federal, a BR já apresenta problemas de desgaste no pavimento e sofre com a ausência de equipamentos urbanos que garantam, por exemplo, a travessia segura de pedestres e minimizem os conflitos com o entorno urbano.
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CONFIRA O DEBATE NA ÍNTEGRA:
Stênio Cuentro participou do debate ao lado da secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista, que desde 2019 responde pela obra da BR-101 e comanda o Caminhos de Pernambuco, programa que pretende implantar e restaurar 51 rodovias no Estado, num investimento de R$ 505 milhões. Atualmente, está com apenas 15% das obras concluídas. “A BR-101 não está segura, mesmo com a obra de restauração quase no fim. Faltam passarelas, retornos e elevados, como o necessário no entroncamento coma PE-17 (Estrada da Muribeca). A durabilidade do pavimento será muito inferior ao que deveria porque as escolhas foram equivocadas. Já há trincas no pavimento. Foi um projeto do passado quando deveria ter olhado para o futuro da rodovia. Os conflitos urbanos permenecem”, disse.
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Para quem não lembra, a restauração dos 30 quilômetros que a BR-101 faz da Região Metropolitana do Recife, entre o município de Jaboatão dos Guararapes, ao Sul da capital, e Paulista, ao Norte, se arrasta desde 2018 e só agora chegou a 95% de conclusão. É alvo de uma investigação da Polícia Federal que já teve dois desdobramentos e indica o desvio de recursos públicos, além de três alertas dos Tribunais de Contas da União (TCU) e de Pernambuco (TCE). Stênio Cuentro assinou o documento como presidente da Associação Brasileira dos Engenheiros Civis em Pernambuco (Abenc), junto a outras entidades, como o Sindicato dos Engenheiros Civis de Pernambuco (Senge).