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Transporte público e pandemia: levantamento aponta que setor foi investigado em 14 CPIs no Brasil

Pernambuco, onde o sistema de transporte público é metropolitano e gerido pelo governo estadual, está de fora. Pelo menos por enquanto

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Roberta Soares

Publicado em 21/08/2021 às 10:00
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Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revelou que a pandemia de covid-19 potencializou a já crítica crise do transporte público brasileiro. Entre março de 2020 e julho de 2021, ao menos 14 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) foram abertas em Câmaras Municipais pelo Brasil para investigar ilegalidades nos sistemas de transporte público. As investigações são resultado dos problemas já existentes em contratos de concessão do serviço e de conflitos de interesses entre o setor público e a iniciativa privada.

De acordo com a pesquisa, há neste momento CPIs instaladas em duas capitais: Belo Horizonte (MG) e Teresina (PI). Em outras duas já se obteve assinaturas para abertura da Comissão: Palmas (TO) e Campo Grande (MS). Já em Porto Alegre (RS) foi instalada uma Comissão Especial na Câmara Municipal para discutir a situação do transporte coletivo. Além dessas, as comissões também estão em funcionamento em: Blumenau (SC); Campos dos Goytacazes e Nova Friburgo (RJ); Conselheiro Lafaiete (MG); Ponta Grossa (PR) e São José dos Pinhais (PR); Mauá, São José do Rio Preto e Valinhos (SP). As cidades de Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Umuarama (PR) já concluíram suas respectivas CPIs sobre transporte no período de pandemia.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Algumas das CPIs já concluídas encontraram irregularidades, mas até o momento não foram implementadas medidas pelo poder Executivo para resolver os problemas - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Pernambuco, onde o sistema de transporte público é metropolitano e gerido pelo governo estadual, está de fora. Pelo menos por enquanto. Rafael Calabria, coordenador do Programa de Mobilidade do Idec, explica que o serviço já vinha sendo objeto de questionamento social há vários anos, como em São Paulo (2013), Rio de Janeiro (2018) e Niterói (2013). Segundo ele, em geral, os principais fatos que motivam a abertura de CPIs são a falta de transparência e irregularidades sobre o cálculo das tarifas, além do descumprimento de itens do contrato de concessão. Com a chegada da pandemia esses problemas se aprofundaram.

DIVULGAÇÃO/IDEC
CPIs do transporte público no Brasil - DIVULGAÇÃO/IDEC

“A pandemia levou a uma queda acentuada de passageiros, diminuindo a arrecadação das empresas. Em várias cidades, companhias de ônibus exigiram aumentos de tarifa ou abandonaram as operações, obrigando as prefeituras a assumirem o serviço em caráter emergencial. Houve também uma onda de greves, visto que as empresas tampouco cumpriram suas obrigações trabalhistas. A piora dos serviços foi acompanhada de propostas de aumentos abusivos de tarifa ou subsídios pelas prefeituras, o que levou muitas câmaras municipais a criarem CPIs a fim de investigar os custos e lucros das empresas concessionárias no período”, ressalta Calabria.

Algumas das CPIs já concluídas encontraram irregularidades, mas até o momento não foram implementadas medidas pelo poder Executivo para resolver os problemas. No caso de Belo Horizonte (MG), a análise de documentos apontou erros estruturais no contrato de concessão e desencadeou a criação de outra comissão que dará diretrizes para que sejam feitas correções. Em Presidente Prudente (SP), a situação foi a mesma, sendo que o relatório final da CPI recomendou a rescisão do contrato com a empresa concessionária. A cidade segue enfrentando problemas e nomeou um interventor para lidar com a situação do transporte coletivo.

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