COLUNA MOBILIDADE

Gasolina: Motoristas são os que mais sofrem com a inflação. Entenda por que e mude hábitos

Dados e constatações da Fundação Getúlio Vargas (FGV) deveriam ser um bom motivo, inclusive, para fazer o cidadão rever seus hábitos de deslocamento

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Roberta Soares

Publicado em 26/10/2021 às 7:30 | Atualizado em 26/10/2021 às 8:44
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Não tem mais graça repetir que ter um automóvel custa tão caro quanto manter uma família. Mas, diante dos frequentes aumentos dos combustíveis é impossível não ser repetitivo. E quem se repete é a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a instituição, a inflação ao motorista é quase o dobro do IPC e os combustíveis são os principais vilões. Os itens envolvidos com aquisição e manutenção de veículos subiram quase o dobro da inflação geral nos últimos 12 meses, segundo os dados mais recentes do IPC-10 da FGV. Enquanto o índice global registrou aumento de 9,57% em 12 meses, a inflação ao motorista chegou a 18,46% no mesmo período.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
O objetivo do cadastro positivo é registrar os condutores que não tiverem cometido infração de trânsito sujeita à pontuação nos últimos 12 meses - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Esses dados e constatações deveriam ser um bom motivo, inclusive, para fazer o cidadão rever seus hábitos de deslocamento, passando a optar pelo transporte público coletivo e mobilidade ativa (mesmo com todas as dificuldades que isso possa representar na maioria das cidades). E, principalmente, servir de alerta aos gestores públicos - que ainda seguem planejando a mobilidade urbana e vendo as cidades da janela do automóvel.

O principal vilão para o bolso do motorista já é bem sabido (e sentido) pela população brasileira: são os combustíveis. A gasolina subiu 40,46% desde novembro do ano passado, já o etanol registrou incríveis 64,45% de aumento. Até mesmo aqueles motoristas que optaram por ter um carro a gás para economizar, viram o GNV aumentar 37,11% nos últimos 12 meses.

Além dos combustíveis, outro núcleo de importante pressão no bolso dos motoristas está ligado diretamente à linha de produção dos veículos: comprar um automóvel novo está em média 11,27% mais caro, uma motocicleta nova está 7,85% mais onerosa e nem o automóvel usado escapou: teve um aumento de 8,44% nos últimos 12 meses. Associado a isso, peças e acessórios registram uma inflação de 12,06%.

DIVULGAÇÃO FGV
Tabela inflação FGV - DIVULGAÇÃO FGV

“A indústria automotiva teve um grave problema ao longo desse ano com escassez de matéria-prima para fabricação de chapas, peças e acessórios, o que causou praticamente uma ausência de automóvel e motocicleta novos e encareceu o processo de produção, elevando o preço ao consumidor. As peças e acessórios no mercado secundário seguiram obviamente a mesma tendência derivada do mesmo problema. E os automóveis usados tiveram um aumento de demanda, como consequência dos automóveis novos em menor número e mais caros no mercado”, explica o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), unidade da FGV, Matheus Peçanha.

Ou seja, diante de tantos números altos e negativos, que tal tentar experimentar deixar o carro ou a motocicleta um pouco em casa e usar outros modais para se deslocar? Não precisa ser todo dia. Mas que tal começar a experimentar devagar?

#FicaaDica

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