COLUNA MOBILIDADE

Metrô do Recife: concessão pública prevê expansão do sistema. Veja por onde o metrô poderá passar

Embora o governo de Pernambuco não tenha detalhado as regras e propostas do futuro contrato de concessão do sistema metroferroviário, algumas rotas já sonhadas e preliminarmente analisadas por técnicos da CBTU poderão ganhar corpo com o futuro contrato de concessão

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 10/05/2022 às 7:30 | Atualizado em 10/05/2022 às 13:18
Notícia
X

A provável estadualização e futura concessão pública do Metrô do Recife - como anunciado no dia 5/5 pelo governo de Pernambuco - poderá significar a expansão do sistema na Região Metropolitana, algo que, pelas dificuldades de execução, virou quase um mito no Estado.

Embora o governo de Pernambuco não tenha detalhado as regras e propostas do futuro contrato de concessão do sistema metroferroviário - até porque depende da validação final da União -, foi divulgado que algumas rotas já sonhadas e preliminarmente analisadas por técnicos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e do Estado poderão ganhar corpo com o futuro contrato de concessão.

LIGAÇÃO ENTRE CAJUEIRO SECO E MACAXEIRA

As duas rotas mais prováveis envolvem a Linha Sul do Metrô do Recife. Uma seria implantada no contorno urbano da BR-101 no Grande Recife, conectando o Terminal Integrado de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes (que integra a Linha Sul), ao TI Macaxeira, no Recife.

O trecho chegou a ter um projeto de BRT estudado pela equipe do então governador Eduardo Campos, mas que foi arquivado posteriormente. A rota teria a possibilidade de integração também com o TI do Barro (integrado à Linha Centro do metrô), atendendo no percurso pontos de demanda significativa como a Avenida Caxangá, o bairro da Cidade Universitária, a Ceasa e a região da Muribeca, em Jaboatão.
Teria 19,8 km e um custo estimado - calculado superficialmente entre 2018 e 2019 - de R$ 1,9 bilhão.

ARTE JC
Rotas estudadas para o Metrô do Recife - ARTE JC

LIGAÇÃO PARA SUAPE

O segundo trecho que estaria sendo pensado é o prolongamento da Linha Diesel - atualmente operada por VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos) - até o Complexo Industrial Portuário de Suape. Na verdade, conectaria o centro do Cabo de Santo Agostinho a Suape.

Teria 12 km, cinco novas estações, e uma operação prevista para ser feita com cinco trens e 12 minutos de intervalo. Custos superficiais, também calculados entre 2018 e 2019, apontavam o valor de R$ 300 milhões.

A rota sairia do Cabo em direção ao Porto de Suape. Começaria na estação Nova Cabo, passaria pelas estações Santo Inácio, Nova Garapu, Garapu, Boa Vista, Algodoais, Nova Massangana e Massangana.
O tipo de veículo a ser usado na expansão não estaria definido, podendo ser um metrô, um VLT ou um monotrilho, por exemplo. “Isso faria parte de uma segunda etapa do contrato, é importante destacar. Não seria no contrato original, seria uma espécie de aditivo para ser discutido valores. Assim como o tipo de veículo. O que sabemos é que seria um transporte de alta capacidade e sobre trilhos”, afirmou o secretário-executivo de Parcerias e Estratégias da Secretaria de Planejamento de Pernambuco, Marcelo Bruto, que coordena os projetos de concessões públicas no Estado.

ARTE JC
Rotas estudadas para o Metrô do Recife - ARTE JC

JOANA BEZERRA E AGAMENON MAGALHÃES

Outra rota que o estado planeja estudar, embora seja mais desafiadora e polêmica devido à influência dos ônibus, seria uma expansão da Linha Centro, a partir da Estação Joana Bezerra, na área central do Recife, até as imediações do Shopping Tacaruna, no limite da capital com Olinda.

Seria parecido com o traçado do antigo projeto do Ramal Agamenon do BRT, que foi engavetado pela própria gestão PSB logo após 2014. Seria uma forma de conectar a Linha Centro do Metrô ao Sistema BRT.

Uma análise feita anteriormente pela CBTU indicava uma rota semelhante, mas que entrava por Olinda e chegava até Paulista, no Grande Recife. Teria 20 km e um custo de R$2,4 bilhões - também segundo cálculos antigos.

ARTE JC
Rotas estudadas para o Metrô do Recife - ARTE JC

ESTAGNAÇÃO HISTÓRICA

Aos 37 anos, o Metrô do Recife segue dispondo das mesmas duas linhas de muitos anos: Centro e Sul. A expansão, no entanto, não aconteceu por falta de estudos. Os projetistas do modal mais importante da Região Metropolitana do Recife sonharam alto e colocaram as ideias no papel, apresentadas aqui pela Coluna Mobilidade só para estimular o sonho.

As duas linhas existentes estão inseridas no Sistema Estrutural Integrado (SEI), mas não conseguem resolver problemas de mobilidade. A proposta era que a Linha Centro fosse suficiente para estimular o crescimento da área Oeste da cidade com a implantação do Terminal Rodoviário e de um centro administrativo, que também não saiu do papel.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Uma seria implantada no contorno urbano da BR-101 no Grande Recife, conectando o Terminal Integrado de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes (que integra a Linha Sul), ao TI Macaxeira, no Recife. A segunda conecta o sistema ao Porto de Suape - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

O metrô voltou a ter uma nova chance com os projetos para a Copa de 2014, mas o modelo ferroviário perdeu para os corredores de BRT e o metrô acabou sendo contemplado com a Estação Cosme e Damião, que foi fundamental para o modal ajudar no transporte em massa dos torcedores que foram assistir aos jogos na Arena Pernambuco.

Ao todo, 12 linhas passariam a atender o Recife e cidades metropolitanas. Seria metrô, VLT e monotrilho para todos os lados. Ideias para criar o metrô dos sonhos no Recife. Mas, na prática, nada se viabilizou.


O FUTURO DO METRÔ DO RECIFE

Antes de ser concedido à iniciativa privada, o Metrô do Recife deverá ser estadualizado. O processo, inclusive, começaria ainda neste mês de maio, segundo previsão dada ao governo de Pernambuco pelo Ministério da Economia, que comanda os estudos. Antes, será aberta uma consulta pública, com todos os dados e documentações da futura concessão.

A licitação depende das aprovações dos Tribunais de Contas estadual e federal. E a consulta terá um prazo de 30 dias, com uma audiência pública no período.

CEMITÉRIO DE TRENS NO METRÔ DO RECIFE:



A modelagem e os valores foram apresentados ao Ministério da Economia no fim de 2021 e já validados pela equipe técnica que está à frente dos estudos.

O governo de Pernambuco será o gestor do futuro contrato de concessão pública do Metrô do Recife, um pacote que representará o montante de R$ 8,4 bilhões em 30 anos. Desse total, R$ 3,8 bilhões serão aportes públicos para reerguer o sistema e cobrir a diferença entre receita tarifária e despesa de operação.

Sendo, R$ 3,1 bilhões mobilizados pelo governo federal e R$ 700 milhões pelo governo de Pernambuco. E, dos R$ 3,1 bilhões bancados pela União (Ministério da Economia), R$ 1,4 bilhão serão recursos que ficarão guardados para serem utilizados pelo Estado ao longo do contrato de concessão pública.

O R$ 1,4 bilhão será a reserva para garantir o equilíbrio econômico financeiro do contrato, já que os estudos realizados nesses dois anos já apontaram que a receita gerada pela demanda de passageiros do Metrô do Recife não será suficiente para cobrir o custo de operação.

O modelo a ser adotado pelo governo do Estado será de concessão pública simples, sem contrapartida financeira ao longo do contrato.

Para quem não lembra, foi em 2019 que o governo do presidente Jair Bolsonaro divulgou estar decidido a conceder à iniciativa privada todos os sistemas geridos pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Trensurb (Porto Alegre). A CBTU envolve, além do Recife, os sistemas de Belo Horizonte (já em processo de estadualização e futura transferência para a gestão privada), de Maceió, João Pessoa e de Natal.

Dos cinco sistemas, entretanto, são os de BH e o do Recife os que têm mais chances de serem concedidos. Além da Trensurb.

EXPECTATIVA

A expectativa é de que a licitação para a futura concessão seja lançada até o fim de 2022 e que a assinatura do contrato ocorra ainda no primeiro semestre de 2023. Isso porque o edital só poderá ser lançado após as análises dos Tribunais de Contas, que devem durar até 90 dias.

Tags

Autor