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Metrô do Recife: funcionários decretam estado de greve após anúncio de concessão à iniciativa privada

Assembleia da categoria aconteceu na noite desta quarta-feira (11) e contou com mais de 500 metroviários. Se não houver um recuo do poder público ou alguma garantia, o movimento deve ser aprovado na nova assembleia já agendada para a quinta (19)

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Filipe Farias, Roberta Soares

Publicado em 11/05/2022 às 20:56 | Atualizado em 12/05/2022 às 12:31
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Após assembleia realizada na noite desta quarta-feira (11/5), os metroviários decretaram estado de greve - a paralisação não acontece de imediato, somente após segunda assembleia.

"Tivemos uma assembleia histórica nos últimos dez anos... Chamamos e a categoria compareceu com mais de 500 metroviários presentes. Votamos pelo estado de greve e a assembleia permanente para combater esse desmando. Somos contra a privatização (na verdade, concessão pública porque privatização representaria a venda definitiva do sistema) e não aceitamos isso", declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.

A medida é uma reação contra a decisão do governo de Pernambuco e do governo federal de, depois da estadualização, conceder a gestão e operação do Metrô do Recife para a iniciativa privada. Agora, os metroviários devem intensificar as assembleias e demais ações em torno das mobilizações, caminhando para a deflagração de uma greve. 

Ainda de acordo com o representante dos metroviários, a categoria entende que é possível ter um metrô de qualidade sem entregar a administração para a iniciativa privada. "Não concordamos com esse posicionamento do governo federal e estadual, mas sim de ter um metrô público de qualidade, com tarifa social de R$ 2,00. Pra isso é necessário que o governo federal garanta mais verba de custeio, mais verba para garantir a compra de peças e materiais para investirmos, porque só assim a gente consegue melhorar o sistema", explicou Luiz Soares.

O presidente do Sindmetro-PE afirmou que o governo nunca atende as solicitações da categoria para melhorar as condições do sistema metroviário do Estado. Que, normalmente, entrega menos da metade do valor que é pedido para a manutenção do metrô.

Além disso, com a entrega da administração do metrô de Pernambuco para a iniciativa privada, Luiz Soares acredita que algumas linhas devem deixar de existir, assim como o Sistema Estrutural Integrado (SEI), afetando centenas de usuários.

PRÓXIMOS PASSOS

Após a realização dessa primeira assembleia com a categoria, o presidente do Sindmetro-PE informou que terá uma série de reuniões nos próximos dias.

"Temos uma reunião na sexta-feira (13), às 11h, com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Adriano Lucena; no mesmo dia, às 15h, nos reuniremos com a vice-governadora Luciana Santos; e na terça-feira (17), a reunião será com o superintendente Carlos Fernando Ferreira, às 11h. Oficializamos um pedido de reunião com o governador Paulo Câmara também. Depois disso, se não avançar nada, vamos decretar a paralisação do sistema metroviário por tempo indeterminado após a nossa segunda assembleia, que acontece na próxima quinta-feira (19)", garantiu Luiz Soares.

A próxima Assembleia está marcada para quinta-feira (19), novamente às 18h, na Praça da Greve (Estação Recife).

COMO SERÁ A CONCESSÃO

O processo de estadualização e concessão pública do Metrô do Recife seria iniciado ainda neste mês de maio, segundo previsão dada ao governo de Pernambuco pelo Ministério da Economia, que comanda os estudos.

A modelagem e os valores foram apresentados ao Ministério da Economia no fim de 2021 e já validados pela equipe técnica que está à frente dos estudos.

O governo de Pernambuco será o gestor do futuro contrato de concessão pública do Metrô do Recife, um pacote que representará o montante de R$ 8,4 bilhões em 30 anos. Desse total, R$ 3,8 bilhões serão aportes públicos para reerguer o sistema e cobrir a diferença entre receita tarifária e despesa de operação.

Sendo, R$ 3,1 bilhões mobilizados pelo governo federal e R$ 700 milhões pelo governo de Pernambuco. E, dos R$ 3,1 bilhões bancados pela União (Ministério da Economia), R$ 1,4 bilhão serão recursos que ficarão guardados para serem utilizados pelo Estado ao longo do contrato de concessão pública.

O R$ 1,4 bilhão será a reserva para garantir o equilíbrio econômico financeiro do contrato, já que os estudos realizados nesses dois anos já apontaram que a receita gerada pela demanda de passageiros do Metrô do Recife não será suficiente para cobrir o custo de operação.

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