ELEIÇÕES 2022 - DESAFIOS

Três horas, três ônibus e um metrô para percorrer 20 km: o preço que Rômulo paga pela imobilidade no Grande Recife

O sacrifício diário do jovem engenheiro é o mesmo de muitos trabalhadores do Grande Recife, que dependem do transporte público gerido pelo governo do Estado

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 23/08/2022 às 7:30 | Atualizado em 26/08/2022 às 13:04
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É uma rotina muito cansativa todos os dias. Você chega em casa e só pensa em dormir, descansar. Não pensa em fazer mais nenhuma atividade por causa do desgaste do deslocamento. São horas do dia perdidas, inutilizadas, que poderiam ser usadas para fazer outras atividades ou até mesmo descansar", desabafa o engenheiro Rômulo de Carvalho - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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A rotina do engenheiro civil Rômulo de Carvalho, 27 anos, retrata como ninguém as mudanças necessárias que o futuro governador de Pernambuco terá que promover na mobilidade urbana.

Diariamente, o jovem gasta pelo menos cinco horas para ir e voltar do trabalho. Há dias em que esse tempo pode ser ainda maior: três horas em cada percurso. Reside em Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes, e trabalha em Casa Forte, na Zona Norte do Recife.

São três viagens de ônibus e uma de metrô na ida e outras três de ônibus na volta. O sacrifício diário de Rômulo é o mesmo de muitos trabalhadores do Grande Recife, que dependem do transporte público gerido pelo governo do Estado. Perde de duas a três horas para fazer um trajeto de 20 quilômetros.

“É bem cansativo. Eu pego três ônibus e um metrô. Pego o ônibus lotado e levo mais ou menos 2h30 para chegar ao meu destino final. Faço várias integrações. Isso é um tempo que é perdido, que eu poderia aproveitar de outras formas. São 2h30 para ir e 2h30 para voltar. Cinco horas que eu perco por dia com deslocamento. Um tempo que poderia aproveitar para fazer outras atividades. Estudar, trabalhar”, afirma o jovem. 

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Os principais desafios do futuro governador - ARTES JC

"A mobilidade poderia ser melhorada. No meu bairro temos uma linha de VLT, porém não compensa pegar porque o intervalo é muito grande. Ele leva duas horas para passar. Se esse intervalo fosse reduzido, eu chegaria bem mais rápido na estação de Cajueiro Seco”.

“Se houvesse uma duplicação do trilho do VLT e ele funcionasse numa velocidade próximo a do metrô, eu levaria 20 minutos para chegar à estação de Cajueiro, o que faço em 40 minutos”.

“Também poderia melhorar a distribuição de modais. Se tivesse uma ciclovia que ligasse o meu bairro até o metrô facilitaria bastante a mobilidade”, sugere ao futuro governador.

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Rômulo de Carvalho representa o pernambucano: três horas, três ônibus e um metrô para percorrer 20 km - GUGA MATOS/JC IMAGEM

TEMPO PERDIDO E DESCONFORTO

"Às vezes eu sinto muita dificuldade de pegar o ônibus porque ele vem lotado e eu preciso esperar o segundo, o terceiro. A demanda de passageiros é muito grande no meu bairro, por exemplo. Saio muito cedo, é muito cansativo. São horas perdidas do dia, inutilizadas, que poderiam ser usadas para fazer outras atividades ou até mesmo descansar. A gente já chega cansado, exausto para trabalhar. E ainda tem o dia todo de trabalho para aguentar”, segue relatando sua rotina.

Rômulo reclama do mesmo que a grande maioria dos passageiros critica: “A linha de ônibus não consegue suprir a demanda de passageiros. É muito difícil sentar. Nunca venho sentado. É raridade. Só se sair um pouco mais cedo, no meio da tarde. A volta é cansativa. Tão quanto de manhã. É uma rotina muito cansativa. Você chega em casa e só pensa em dormir, descansar. Não pensa em fazer mais nenhuma atividade por conta do desgaste do deslocamento”, resume.

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