ESTADO DE GREVE

Metrô do Recife: metroviários decretam estado de greve e vão denunciar a CBTU no Ministério Público do Trabalho

Categoria só irá operar com, no mínimo, 8 composições na Linha Centro e 6 na Linha Sul

Filipe Farias Roberta Soares
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Filipe Farias
Roberta Soares
Publicado em 06/09/2022 às 22:34 | Atualizado em 08/09/2022 às 11:59
GUGA MATOS/JC IMAGEM
Metroviários pedem recursos do governo federal para manter o sistema funcionando com segurança e qualidade para a população - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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Em assembleia realizada na noite desta terça-feira (6), na Estação Recife do metrô, no Bairro de São José, Centro do Recife, os metroviários de Pernambuco decidiram por decretar o estado de greve. Ainda no encontro, a categoria decidiu que vai acionar ainda nesta semana o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT) para denunciar a situação de sucateamento do metrô do Recife.

"A categoria acompanhou a decisão da diretoria do Sindmetro-PE e aprovou por votação o estado de greve. Mas, além disso, ficou decidido que vamos denunciar a empresa (CBTU) no Ministério Público do Trabalho na quinta-feira (8) ou, no mais tardar, na sexta-feira (9). Está impossível de operar o sistema nessa situação. Não tem condições", declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.

Para que o metrô funcione normalmente, o dirigente sindical afirmou que será dentro de condições mínimas de trabalho. "Só iremos operar com, no mínimo, 8 composições na Linha Centro e 6 na Linha Sul. Abaixo disso vamos suspender as operações", enfatizou Luiz Soares. "Temos de ter responsabilidade com a população, pois, em horário de pico, corre-se o risco de uma superlotação e, por falta de segurança ou quebra no sistema, acontecer um descarrilamento numa curva e provocar um grande acidente e até mortes", alertou.

Falta de recursos do governo federal

A precariedade do metrô do Recife, segundo os metroviários, é pela falta de transferência de recursos por parte do governo federal. "Eles estão sucateando o serviço... Não mandam verbas de investimentos para reparação de peças e melhoria do serviço, pois querem a privatização do metrô, feito fizeram em Belo Horizonte", alegou Luiz Soares.

O que a categoria vem reivindicando seria apenas recursos para manter o sistema funcionando com o mínimo de qualidade. "Queremos manter o metrô funcionando e, por isso, fomos conversar com o Ministério de Desenvolvimento Regional. Mantivemos conversas com eles para conseguirmos o recurso, que não seria nem para investimento, mas apenas para a manutenção. Sendo que não tivemos respostas (de receber a verba solicitada)", contou o presidente do Sindmetro-PE.

A medida de denunciar a CBTU no MPT é devido ao silêncio da empresa. "Eles não entram em contato conosco. Até agora não falaram nada. Por isso resolvemos notificá-la. Temos três relatórios elaborados e vamos entregar tudo no MPPE para ter uma investigação firme contra a empresa. A partir de agora não será mais só com a gente, mas vamos envolver o judiciário nisso também", enfatizou Luiz Soares.

ESTADUALIZAÇÃO ENGAVETADA

Sem recursos para nada, o Metrô do Recife também segue sem perspectivas, o que é o mais angustiante. Não recebe recursos do governo federal, via Administração Central da CBTU e MDR, e ainda viu o estudo de uma possível estadualização e futura gestão privada ser engavetado pessoalmente pelo governador Paulo Câmara (PSB).

Em maio, o governador se comprometeu com os metroviários de que não iria avançar com o processo de estadualização e, posteriormente, concessão do Metrô do Recife à operação privada.

Assumiu o compromisso depois que técnicos da Secretaria de Planejamento de Pernambuco - com o seu aval - modelaram uma proposta de Parceria Público Privada (PPP) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a pedido do governo federal. O Ministério da Economia decidiu conceder os sistemas operados pela CBTU no Brasil, além da Trensurb de Porto Alegre para gestão privada. E, apesar da recusa do Estado, os estudos seguem.

O SindMetro pressionou e ameaçou paralisar o metrô, conseguindo travar o processo pelo menos na gestão de Paulo Câmara. De lá para cá, nada aconteceu e o metrô seguiu em destruição, sem dinheiro para custeio, muito menos para investimentos, com muitas quebras, intervalos superiores a sistemas de trens de subúrbio e, ainda, sem perspectiva. Nenhuma perspectiva.

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