A Coluna Mobilidade segue na discussão por uma mobilidade urbana mais sustentável e justa socialmente nas Eleições 2022. Depois de discutir os principais desafios do setor para o futuro governador de Pernambuco e apresentar as propostas dos candidatos ao governo estadual, entra no cenário nacional.
Agora, elenca os principais desejos da sociedade que usa e defende o transporte público coletivo e a mobilidade sustentável, principalmente a ciclomobilidade. São diretrizes para orientar o futuro presidente do Brasil e os governadores estaduais a priorizarem o transporte por ônibus, sobre trilhos e de bicicleta.
ELEIÇÕES 2022: conheça as propostas para a mobilidade urbana dos candidatos ao governo de Pernambuco
TRANSPORTE SOBRE TRILHOS
Três mil quilômetros de metrôs e trens aguardam implantação no Brasil
A ampliação do transporte sobre trilhos tem que ser prioridade não só para o futuro presidente do País, mas também para os governadores. Seja nos estados que já têm uma malha ampla, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas principalmente naqueles que operam sistemas capengas, que necessitam de investimentos urgentes - como é o caso de Pernambuco, que assiste passivamente à destruição do Metrô do Recife.
ELEIÇÕES 2022: 3 mil km de metrôs e trens aguardam implantação no Brasil
ELEIÇÕES 2022: chegou a hora do financiamento social do transporte público por ônibus no Brasil
Além destes, há ainda as cidades que já deveriam ter sistemas metroferroviários - que são de alta capacidade - para atender à população. O País tem 1.105 quilômetros de linhas e mais de três mil quilômetros de projetos de transporte de passageiros sobre trilhos mapeados para implantação.
Esses projetos, inclusive, representariam três vezes mais a extensão dos sistemas hoje em operação. Mas não saem do papel porque a concretização deles exige decisão política, recursos e firmeza públicas.
Os dados são da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que elaborou o documento "Eleições 2022 - Propostas para o Avanço da Mobilidade Urbana Nacional", que expõe aos candidatos à Presidência e governos estaduais as propostas para o crescimento da rede de trilhos.
O argumento principal que embasa o estudo é a necessidade de ampliar a malha, já que a rede metroferroviária brasileira possui 21 sistemas que cobrem menos de 50% do território nacional. Passivo importante a ser considerado num País com as dimensões continentais como o Brasil.
CONFIRA a série ELEIÇÕES 2022 - Desafios
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“Por isso mesmo precisa de uma rede de transporte público integrada e eficiente, à exemplo da Europa, um continente com dois milhões de km² a mais que o Brasil e com 250 mil km de trilhos. Precisamos investir no transporte público sobre trilhos, proporcionando deslocamentos rápidos e seguros aos milhões de brasileiros que dependem desse tipo de condução todos os dias”, enfatiza Joubert Flores, presidente do Conselho da ANPTrilhos.
Apenas 11 estados e o Distrito Federal têm algum tipo de transporte de passageiros sobre trilhos, muitos deles pequenos, sem expansões há décadas e com problemas de manutenção.
PROPOSTAS PARA O TRANSPORTE SOBRE TRILHOS
O setor apresenta quatro propostas para o crescimento da rede metroferroviária: Reformulação do Marco Legal do transporte público urbano; Criação de uma política de financiamento; Criação da autoridade metropolitana de Transporte e de um plano nacional de desenvolvimento do transporte ferroviário de passageiros.
CONFIRA as propostas na íntegra
ONDE AMPLIAR O TRANSPORTE SOBRE TRILHOS NO PAÍS
Os 3 mil quilômetros de projetos de transporte de passageiros sobre trilhos que aguardam execução estão distribuídos em mais de 70 trechos de metrôs, trens urbanos, veículos leves sobre trilhos (VLT), trens regionais e inter-regionais, segundo a ANPTrilhos.
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O Estado de São Paulo concentra o maior número de trechos, com mais de 800 quilômetros. O Distrito Federal soma 500 quilômetros de trens de passageiros. No Estado do Rio de Janeiro são mais de 330 quilômetros para andamento. Enquanto na Bahia os projetos totalizam mais de 240 quilômetros de extensão.
Já no Rio Grande Sul são mais 85 quilômetros de linhas para implantação. Esses projetos somam-se a outros divididos em diferentes regiões brasileiras e que podem ampliar o atendimento de transporte de passageiros sobre trilhos do País.
TRANSPORTE POR ÔNIBUS
Chegou a hora do financiamento social do transporte público por ônibus no Brasil
Se a ampliação dos sistemas de metrôs e trens no Brasil é importante, solidificar a base de apoio financeiro ao transporte público por ônibus é uma questão de sobrevivência para o País. O futuro presidente da República e os governadores estaduais têm que saber disso.
São os ônibus que transportam o brasileiro. Eles estão, é importante destacar, em todas as cidades, capitais, regiões metropolitanas e ligações entre cidades. Estão onde o metrô nem sonha em chegar, por exemplo.
Por isso, o setor também elaborou um documento com as diretrizes e proposições para um transporte público coletivo urbano de qualidade para candidatos ao Executivo e Legislativo estaduais e federal nas eleições de outubro.
CONFIRA as propostas na íntegra
As propostas buscam um transporte público melhor e mais barato. Foram elaboradas pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e reunidas na publicação “Eleições 2022 – o caminho da mudança: propostas para um transporte público de qualidade e uma vida melhor”.
Nela, estão reunidas soluções para uma reestruturação efetiva do transporte público urbano do País. É proposta a atualização do marco legal do transporte público coletivo; critérios de qualidade e produtividade; priorização do transporte público; financiamento dos investimentos e do custeio; e transparência.
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A publicação aborda questões que são discutidas há muitos anos no setor, mas que não são efetivadas. Ou, quando o são, acontecem de forma pontual em uma ou outra cidade. Mas a lógica de quem vivencia os problemas do setor e sabe da importância de priorizar o transporte público por ônibus no País é a de insistir e persistir.
"O importante é irmos ganhando etapas, como já, por exemplo, conseguimos consolidar a ideia da necessidade de recursos extratarifários, materializada agora, com os recursos para idosos, vindos do governo federal. Embora destinadas às eleições para fazerem parte de propostas, as recomendações/sugestões têm caráter permanentes e continuaremos firmes no debate político”, afirma Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP.
A publicação surgiu a partir de contribuições de toda a cadeia produtiva do segmento de transporte público e contou com o apoio da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana e Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL
Mobilidade sustentável precisa ser prioridade para salvar vidas e reduzir custo da saúde pública com o trânsito
A prioridade à mobilidade sustentável e ativa é mais uma das missões do futuro presidente do Brasil e dos governadores estaduais. Embora sejam ações que efetivamente acontecem nas cidades e, por isso, dependem dos prefeitos, são as legislações federais e estaduais que podem e devem direcionar políticas que estimulem a ampliação dos projetos para a ciclomobilidade e a mobilidade a pé.
Com o objetivo de disseminar um pensamento mais sustentável entre os futuros gestores e legisladores, entidades e ativistas do setor lançaram a Carta Compromisso à Mobilidade Sustentável.
O documento foi produzido por cinco organizações brasileiras e reúne 16 ações urgentes que devem ser executadas pelo governo federal para mudar o paradigma da mobilidade e tornar a locomoção cotidiana da população menos poluente, mais segura, humana e eficiente.
CONFIRA as propostas na íntegra
Veja também a campanha da Ameciclo
Somente a segurança viária recebeu cinco propostas. E não é para menos. A violência no trânsito, provocada pela fraca fiscalização e os desrespeitos à legislação, mata 32 mil pessoas por ano no País. Entre as principais propostas, as organizações pedem a redução dos limites de velocidade nas ruas e avenidas das cidades para 40 km/h, 20 km/h a menos do que os 60 km/h atuais - raramente respeitado, vale ressaltar.
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“Se a próxima pessoa que ocupar a Presidência agir só para reduzir a mortalidade causada por colisões e atropelamentos, o Brasil pode economizar de R$ 9 a 12 bilhões por ano que é o custo total das tragédias de trânsito, segundo estudo do Ipea publicado em 2020”, alerta Ruth Souza, da União de Ciclistas do Brasil (UCB).
O cumprimento das metas do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) também é citado no documento. “Com menos pessoas lesionadas, haveria uma contribuição imensa para a saúde pública, já que até 75% da ocupação dos leitos de trauma em hospitais públicos e 60% dos leitos do SUS são por vítimas da violência do trânsito, segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia ”, reforça Ruth Costa. Esta é a quarta edição da Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições, uma iniciativa da Associação G-14 – Pós Poliomielite, Cidadeapé, Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), Redes Vidas Ativas e União de Ciclistas do Brasil.
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