Preparem-se. O protesto realizado por comerciantes informais nesta segunda-feira (5/12), a poucas horas de um jogo da Copa do Mundo e num dia de chuva, no chamado Complexo Joana Bezerra (composto pela Ponte João Paulo II e o Viaduto Capitão Temudo), principal ligação entre a área central e a Zona Sul do Recife, vai se repetir outras vezes e pegar muita gente de surpresa.
Isso porque as manifestações são uma reação dos ambulantes ao processo de ordenamento dos 26 Terminais Integrados de ônibus e metrô da Região Metropolitana do Recife, uma concessão pública realizada pelo governo do Estado e que vai durar pelos próximos 35 anos. E, além de ser um processo de arrumação complexo - principalmente pelo caráter social das mudanças -, o TI Joana Bezerra sempre foi o mais complicado de todas as unidades do transporte público do Grande Recife - quem conhece sabe disso.
A arrumação vem sendo realizada desde janeiro de 2022, quando a gestão privada assumiu o controle e já é visível em alguns dos terminais. O TI Joana Bezerra é um exemplo da desordem que sempre dominou as unidades, seja pela ótica da operação de transporte - com a maior evasão de receita do sistema, com pessoas entrando sem pagar no terminal todos os dias -, mas, principalmente, pela invasão do comércio informal.
TERMINAIS INTEGRADOS: gestão privada começa a apresentar resultados
E, no pacote da concessão pública assumida pela Nova Mobi Pernambuco - que tem a expertise da gestão de terminais de transporte, inclusive rodoviários, em São Paulo -, está o ordenamento das unidades. A retirada dos ambulantes está sendo feita pela Polícia Militar e começou na terça-feira (29/11). Por isso já aconteceram protestos na sexta-feira (2/12) e na segunda (5).
Como previsto no projeto da Parceria Pública Privada (PPP), a proposta é que, com o tempo, sejam identificadas algumas vocações econômicas para os terminais que vão além das lanchonetes.
No TI Joana Bezerra, novos boxes de serviços estão sendo construídos para agregar serviços à unidade. A nova gestão diz estar estimulando os ambulantes a deixarem de vender na informalidade para passar para a formalidade. E, para isso, têm criado boxes experimentais como teste, já que os novos serviços não poderão competir com os lojistas, por exemplo.
Segundo informações da Nova Mobi Pernambuco, nove pontos comerciais já foram alugados no TI Joana Bezerra, entre lojas e quiosques que vendem diferentes produtos.
Muitos dos ambulantes que estão protestando no Joana Bezerra são exatamente os excluídos do terminal. Comerciantes informais que ficavam na unidade e no acesso à Estação Joana Bezerra do Metrô do Recife.
Segundo o governo de Pernambuco, a Nova Mobi Pernambuco realizou o cadastro de 116 ambulantes, tirando-os da informalidade, para que comecem a trabalhar em quiosques instalados, a princípio, em quatro terminais: Barro, Joana Bezerra, Camaragibe e Xambá.
Os quiosques do terminal do Barro já estão prontos e serão ocupados por 20 novos comerciantes ainda este mês. A segunda etapa de implantação será no TI Joana Bezerra, que conta com 60 novos comerciantes cadastrados.
E o mesmo processo de ordenamento deverá acontecer em outras unidades, como é o caso do TI Pelópidas Silveira, em Paulista, no Grande Recife, que virou uma verdadeira feira pública.
O contrato de concessão pública com a Nova Mobi Pernambuco é no valor de R$ 113 milhões ao longo de 35 anos. Prevê investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão. Pelo cronograma de atuação, o primeiro ano é de arrumação. Mas em até quatro anos, terão que ser investidos R$ 85 milhões do total.
Os TIs estão recebendo pintura, sinalização indicativa de orientação para embarque, novos equipamentos como lojas e quiosques, pequenas praças de alimentação em concreto (no caso do TI Joana Bezerra, centros administrativos (TI Joana Bezerra e Xambá), e total reestruturação dos banheiros públicos, das coberturas e da iluminação.
A gestao privada força a execução do convênio firmado entre o Estado e a Policia Militar, garantindo a presença de polícias militares nos maiores e mais problemáticos TIs, dando segurança para quem passa pelo equipamento.