Não é à toa que as
viagens de ônibus estão tendo uma explosão de procura no País. Nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, as
passagens de avião aumentaram quase
36%. Em alguns trechos mais concorridos - como a
ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro, por exemplo - essa majoração foi até maior.
Enquanto isso, o transporte rodoviário teve um reajuste bem mais tímido, na casa dos 13,2%, fazendo com que voltasse a ser opção para muitos brasileiros. É fato que o risco de
sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se diz, segundo a ABNT. Entenda) pesa, mas o bolso pesa mais. Bem mais.
Foi o que aconteceu com a universitária de Recife Maria Soares, 20 anos, que passou dez dias em São Paulo e tinha uma ida ao interior do Estado, especificamente à cidade de Ribeirão Preto, a pouco mais de 300 km da capital, no roteiro.
A vontade de pegar um avião era grande, mas os preços a fizeram desistir e encarar as mais de quatro horas de viagem de ônibus. Ir de Guarulhos a Ribeirão sairia por aproximadamente R$ 1 mil na época em que precisava, na segunda quinzena de novembro. Enquanto que o ônibus sairia por R$ 130 cada trecho.
DIVULGAÇÃO - Nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, as passagens de avião aumentaram quase 36%, enquanto as de ônibus tiveram uma majoração de 13,2%
CONFORTO SURPREENDEU
A qualidade do transporte rodoviário das empresas que utilizou - a Rápido Ribeirão na ida e a Viação Cometa na volta - a surpreenderam. “De fato, o conforto do ônibus me surpreendeu. Muito, mas muito melhor do que o avião que me levou do Recife até São Paulo. Muito espaço nas poltronas, que até reclinavam. Foi muito agradável. É tanto que na volta nem pensei duas vezes e sequer cogitei o avião", conta a universitária.
Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do BrasilA opção de Maria Soares tem sido a de muitos brasileiros - é claro que o conforto pesa, mas a economia financeira pesa ainda mais.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre (Abrati), a demanda de passageiros em ônibus interestaduais e internacionais no País subiu 60% de janeiro a julho, na comparação com 2021. Em relação ao mesmo período de 2019, esse aumento é de quase 90%.
PESQUISA ABRATI
A segunda pesquisa realizada pela Abrati em suas redes sociais, em setembro de 2022, confirma que as viagens de ônibus ganharam bastante a preferência dos viajantes: 80% das pessoas responderam que, entre setembro de 2021 e 2022, trocaram, pelo menos, uma viagem de avião ou carro pelo ônibus e 42% afirmaram que o preço foi o principal motivo para essa mudança. 320 pessoas foram ouvidas.
“Isso demonstra uma migração do transporte. Antes, o turista de lazer acabava considerando outros modais. Hoje, com a variação da gasolina, as tarifas dos pedágios, o valor alto das passagens aéreas e com o custo para despachar malas, percebemos que mais pessoas têm interesse em usar o ônibus de linha para turismo”, ressalta Letícia Pineschi, da Abrati.
Por outro lado, a pesquisa também deixa um alerta: 46% dos entrevistados não encontram com facilidade informações sobre as empresas, rotas, horários e preços das passagens. “Isso demonstra a oportunidade que temos para aumentarmos a conexão com o consumidor por meio de ferramentas que facilitem a sua compreensão e possibilitem mais satisfação na hora da sua compra”, reforça Letícia Pineschi.
BUSER/DIVULGAÇÃO - Conforto oferecido por muitas empresas de transporte rodoviário é um ponto a favor do crescimento, afirmam os usuários
O crescimento da demanda por viagens rodoviárias de ônibus também tem sido sentido pelas megas do fretamento colaborativo, como a plataforma digital
Buser. “ Com os preços cada vez mais altos das passagens aéreas, a procura pelo transporte rodoviário vem aumentando, em várias categorias de ônibus e poltronas: das básicas às mais “premium”, de primeira classe”, diz a empresa.
Com 9 milhões de clientes cadastrados, a Buser tem transportado cerca de 10 mil passageiros por dia em meses normais, fora da alta temporada. Em novembro de 2022, entretanto, embarcou quase 400 mil passageiros e, em dezembro, a previsão era de ultrapassar os 500 mil viajantes.
CRESCIMENTO AINDA MAIOR
Segundo a Buser, numa comparação com os mesmos meses de 2019, o volume de passageiros chegou a ser quase 6 vezes maior. Há 3 anos, a melhor marca foi alcançada em dezembro, com 100 mil viajantes.
As rotas mais procuradas para essa temporada são:
- São Paulo - Rio de Janeiro, a partir de R$ 69,90
- Rio de Janeiro - Belo Horizonte, a partir de R$ 65,90
- São Paulo - Belo Horizonte, a partir de R$ 59,90
- São Paulo - Campinas, a partir de R$ 9,90
- São Paulo - Ribeirão Preto, a partir de R$ 33,90