GREVE ÔNIBUS E METRÔ: risco de paralisações e protestos segue no Grande Recife

Motoristas de ônibus têm nova rodada de negociação nesta terça (18/7) e prometem paralisações. Metroviários não conseguem contraproposta da CBTU
Roberta Soares
Publicado em 17/07/2023 às 11:45
Metroviários do Metrô do Recife não chegaram a um acordo com a CBTU e o clima entre motoristas de ônibus e empresários só piora Foto: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM


A possibilidade de paralisações, protestos e até mesmo greves dos ônibus da Região Metropolitana do Recife e do Metrô do Recife segue alta porque motoristas não se entendem com empresários e metroviários não chegam a um acordo com o governo federal. Na semana passada, passageiros do transporte público do Grande Recife viveram transtornos por três dias devido à disputa salarial das categorias.

E o clima só piora porque as partes não têm conseguido, sequer, sentar para negociar. Os rodoviários têm uma segunda rodada de negociação nesta terça-feira (18/7), às 10h, com os empresários de ônibus na sede da Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco), na Ilha do Leite, área central do Recife.

Mas a expectativa é a pior possível. No máximo, acredita-se que a Urbana-PE deverá apresentar a reposição da inflação, o que não será aceito pelos motoristas de ônibus, segundo o Sindicato dos Rodoviários. A categoria tem feito paralisações e promete mais.

ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM - Este ano, o clima entre rodoviários e empresários de ônibus está mais tenso, vale ressaltar

“É a segunda rodada de negociações que nós teremos e, infelizmente, não há expectativa de que a Urbana-PE apresente alguma proposta. Por isso, é bem possível que tenhamos que ir para greve. Não é o que nós queremos, mas acredito que seja o único jeito”, diz Aldo Lima, presidente dos rodoviários.

“Principalmente diante da cultura de não avançar nas negociações, de manter essa concepção escravocrata que a Urbana-PE tem. Por isso, se tiver uma greve dos ônibus, já queremos apontar os culpados: a culpa é da Urbana-PE”, reforça o sindicalista.

Uma primeira rodada de negociações aconteceu no dia 4/7, mas sem avanços. Segundo os rodoviários, a Urbana-PE sequer apresentou uma contraproposta à pauta de reivindicações entregue mais de um mês antes. O governo de Pernambuco também teria sido chamado para participar das negociações, mas ainda não teria dado retorno, segundo os motoristas de ônibus.

Os empresários de ônibus, mais uma vez, não quiseram se pronunciar sobre as negociações salariais.

METROVIÁRIOS E GOVERNO FEDERAL TAMBÉM SEM ACORDO

Os metroviários, que estão em estado de greve há mais de dois meses e realizaram uma paralisação de 24h do Metrô do Recife entre a quarta-feira (12/7) e a quinta (13), também não chegaram a um acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e seguem com a possibilidade de novas paralisações temporárias e até mesmo uma greve de fato, o que fecharia o metrô ou, ao menos, faria a operação acontecer apenas nos horários de pico da manhã e noite.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM - Enquanto as negociações trabalhistas não forem finalizadas e o governo federal não desistir da privatização do Metrô do Recife as manifestações seguem

Três reuniões previstas para acontecer entre o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro) e a CBTU Recife, na sede da superintendência, em Areias, na Zona Norte do Recife, foram canceladas. Uma a pedido dos metroviários e as outras duas por falta de proposta a ser apresentada pela Companhia.

Entre os adiamentos, está a reunião prevista para esta segunda-feira (17/7).

"Em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou. E foram propostas que atendiam apenas algumas das nossas expectativas. Mesmo assim, a categoria validou em assembleia”, resume o presidente do Sindmetro, Luiz Soares.

“Essa minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Nós queríamos 25%, mas cedemos. Agora, a CBTU Recife quer retomar as negociações desconsiderando o que foi acertado e nós não podemos aceitar”, acrescenta.

Por nota, a CBTU Recife informou que submeteu o ACT ao governo federal e que ele não foi autorizado. “Em relação ao Acordo Coletivo 2023/2024, a CBTU submeteu, para apreciação à Secretaria de Coordenação das Estatais (SEST), a proposta que foi discutida conjuntamente com os sindicatos. No entanto, a proposta não foi aprovada e as negociações continuam em andamento”.

Uma primeira rodada de negociações aconteceu no dia 4/7, mas sem avanços. Segundo os rodoviários, a Urbana-PE sequer apresentou uma contraproposta à pauta de reivindicações entregue mais de um mês antes. O governo de Pernambuco também teria sido chamado para participar das negociações, mas ainda não teria dado retorno, segundo os motoristas de ônibus.

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