O Sindicato dos Metroviários realizou uma assembleia na noite desta quarta-feira (25) para deliberar sobre os próximos passos da mobilização que visa impedir os planos de privatização e terceirização de linhas do metrô de São Paulo pelo governo estadual.
A assembleia de ontem não estava na agenda dos trabalhadores, mas ocorreu como uma resposta às punições que o Metrô de SP aplicou a nove funcionários após uma paralisação no dia 12 de outubro.
Ao todo, cinco funcionários foram demitidos, um foi suspenso por 29 dias, e três outros, com estabilidade sindical, foram suspensos sem remuneração e estão sujeitos a um inquérito no Tribunal Regional do Trabalho.
Devido a isso, havia uma especulação de que poderia haver uma greve do metrô de SP hoje, também porque este dia 26 de outubro é um dia simbólico, que marca o Dia Nacional de Lutas das Metroviários e Metroviários, mas a greve não ocorreu.
Apesar de a data da próxima greve no metrô de SP não ter sido definida na reunião, ficou agendada para hoje, 26, uma nova assembleia, onde a categoria irá votar entre duas opções:
- Fazer uma nova assembleia, na segunda-feira (30), para decidir sobre uma greve no metrô de SP na próxima terça-feira (31);
- Não fazer a greve na próxima semana e planejar uma paralisação unificada com outras categorias, como os trabalhadores da Sabesp e da CPTM.
O resultado da assembleia dos metroviários deve ser divulgado pelos trabalhadores até as 19h de hoje.
PUNIÇÕES DO METRÔ DE SÃO PAULO
Segundo o Metrô, as demissões e suspensões basearam-se em um reunião de provas que indicaram má conduta dos profissionais durante uma paralisação no dia 12 de outubro.
A mobilização dos metroviários no dia 12 consistiu em uma paralisação da Operação dos trens, que teria sido uma resposta a advertências aplicadas no Tráfego da Linha 2.
No dia 16, o Sindicato dos Metroviários havia feito um protesto em reação às advertências aplicadas pelo Metrô, que segundo a categoria seriam uma punição à greve do metrô SP realizada no dia 3 de outubro.
O sindicato havia denunciado que o Metrô vinha "buscando coletar as imagens do dia da paralisação, numa tentativa de intimidar os trabalhadores que protagonizaram uma massiva mobilização na última quinta-feira", dia 12.
Em nota, na semana passada, o Governo de São Paulo afirmou que a advertência "não tem nada a ver com o objeto de greve recente, em 3/10, não implica em suspensão ou demissão e que não há sequer impactos na remuneração".
No entanto, nesta terça-feira (24), o Metrô anunciou as demissões e suspensões dos funcionários. A empresa considerou que a paralisação serviu a interesses privados e foi realizada sem aviso prévio ou autorização da assembleia da categoria dos metroviários.
Ainda segundo o Metrô, outros casos estão sendo avaliados e há possibilidade de novas punições.
REAÇÃO DO SINDICATO DOS METROVIÁRIOS
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo criticou as demissões, afirmando que foram retaliações pela grande paralisação que ocorreu em 3 de outubro.
O sindicato alega que as punições visam enfraquecer a categoria na luta contra a privatização dos serviços públicos pelo governador.
A presidenta do sindicato, Camila Lisboa, se manifestou nas redes sociais sobre as punições, classificando-as como uma "atitude arbitrária e antissindical".
Ao invés disso, o governador pune, demite e persegue trabalhadores que estão batalhando em defesa dos serviços públicos. Este é o bolsonarismo na versão Tarcísio.
— Camila Lisboa (@CamilaRDLisboa) October 24, 2023
Amanhã, teremos uma Assembleia para organizar a luta e a resistência contra esses absurdos.