Mobilidade ativa: pedestres e ciclistas ganham mais espaço no Recife
Pesquisa identificou a presença de 196 pedestres nas horas pico dos três turnos na rua, sendo que 30% deles caminhavam no leito viário, o que é um grande fator de risco
Os pedestres e ciclistas ganharam mais um espaço seguro para circular no Recife. Agora, no bairro do Torreão, na Zona Norte da cidade, praticamente às margens da Avenida Agamenon Magalhães.
A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) implantou um novo urbanismo tático no entorno da ciclofaixa existente na Rua Othon Paraíso, com o objetivo de dar mais segurança para quem circula a pé ou de bicicleta.
A ação aumentou as áreas de calçadas ao longo do canteiro central e reforçou a divisão entre a rota ciclável e a pista de rolamento dos veículos motorizados.
A intervenção é uma das mais de 50 áreas de trânsito calmo implantadas na cidade, intervenções que têm promovido uma redução de até 91% dos sinistros de trânsito com vítimas (não é mais acidente de trânsito que se define. Entenda).
CICLOFAIXA GANHA DESENHO MAIS SEGURO PARA QUEM PEDALA
A ciclofaixa na Rua Othon Paraíso tem quatro quilômetros de extensão e passa por locais emblemáticos do bairro de Campo Grande e do Torreão, como a pista local da Avenida Governador Agamenon Magalhães e a Rua Marechal Deodoro. A rota faz conexão com o Eixo Cicloviário Camilo Simões, que segue até o município de Olinda (completamente degradada, vale destacar), e também com a Avenida Norte, em direção ao Centro do Recife.
A principal via da ciclofaixa, a Rua Professor Othon Paraíso, receberá um novo desenho viário para abrigar melhor pedestres e ciclistas e ordenar os retornos dos veículos motorizados. O projeto contempla, também, paraciclos com 10 vagas para estacionar as bikes.
PESQUISA APONTA ALTO VOLUME DE PEDESTRES E RISCO DE ATROPELAMENTOS
Segundo a CTTU, as mudanças tiveram um embasamento técnico. Uma pesquisa identificou a presença de 196 pedestres nas horas pico dos três turnos na rua, sendo que 30% deles caminhavam no leito viário, o que é um grande fator de risco, especialmente porque a velocidade na região estava elevada: 67,7% dos veículos transitavam acima da velocidade da via. As motocicletas foram as que mais aceleraram: 71,7% estavam acima da velocidade adequada.
- Ilumina Pedestre: projeto de iluminação pública focada nos pedestres avança no Recife
- ATROPELAMENTO PEDESTRES: veículos grandes e altos matam mais pedestres, aponta estudo norte-americano
- VÍTIMAS DO TRÂNSITO: atropelamento de pedestres idosos aumenta no Brasil, aponta levantamento
- ATROPELAMENTOS: internações de pedestres atropelados aumentam 13% no Brasil
“Temos usado as técnicas de redesenhos de vias para induzir a redução de velocidade e favorecendo a segurança de pedestres e ciclistas. Essa medida já surtiu efeito, por exemplo, na Ilha do Leite, que diminuiu em 75% os sinistros de trânsito com vítimas no local. Então, as ações de redesenho; de educação e de fiscalização contribuem para a mudança de comportamentos destacando que o trânsito é feito por todos e para todos, então respeitar o limite de 30 km/h em áreas com muitos pedestres é essencial e reduz em mais de 70% os riscos de morte por atropelamento”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
O projeto é, também, resultado da parceria da Prefeitura do Recife com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), por meio da Iniciativa Global de Desenho de Cidades (GDCI), referência em desenho de vias.
APESAR DAS CRÍTICAS, URBANISMO TÁTICO SALVA VIDAS SIM
As ações que redesenham as ruas para as pessoas salvam vidas. Prova disso é a análise do número de sinistros de trânsito com vítimas nas regiões em que foram implantadas, como é o caso da Rua José de Alencar, na Ilha do Leite, que reduziu em 91%. Na Rua do Hospício, próximo à Rua Princesa Isabel, no bairro da Boa Vista, a redução foi de 50%. Já no Largo da Paz, em Afogados, a redução foi de 40%.