Via Mangue: cratera se abre em principal acesso à Via Mangue, na Zona Sul do Recife
Buraco tomou uma das duas faixas da Avenida Dom João VI, em Boa Viagem, às margens do Canal do Jordão. Problema tem provocado congestionamentos
Chegar à Via Mangue, corredor expresso de entrada e saída da Zona Sul do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, está mais difícil devido a uma gigante cratera que se abriu às margens do Canal do Jordão, em Boa Viagem. O buraco está ocupando praticamente uma das duas faixas da pista leste (sentido subúrbio-Centro) da Avenida Dom João VI, na altura do Shopping Recife.
A cratera teria se aberto ainda na segunda-feira (17/6). O asfalto cedeu e a via foi interditada, gerando trânsito no entorno. Segundo a Prefeitura do Recife, o problema foi provocado por inabilidade da empresa parceira da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a BRK Ambiental. E que as falhas que impedem a solução do mesmo são antigas.
A tubulação da rede de drenagem do local foi danificada durante a execução de um serviço da Compesa, iniciado em 2021. Além disso, afirma que a gestão municipal - no caso a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) - foi surpreendida com a cratera, que seria mais uma consequência do problema não resolvido pela Compesa/BRK Ambiental.
“Em 2021, a Compesa, através da empresa parceira, BRK Ambiental, executou a obra de implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) do empreendimento Evolution e áreas adjacentes, no bairro de Boa Viagem, compreendendo a Av. Dom João VI no trecho próximo ao antigo Walmart, onde houve a ocorrência do buraco.
Durante a execução do assentamento da tubulação de esgoto, a BRK (a serviço da Compesa) atingiu uma rede de drenagem da Emlurb de 800 mm, cortando-a transversalmente. A BRK tratou o dano causado construindo neste ponto uma "caixa cega" de maneira a permitir o fluxo das águas pluviais ao canal que margeia a via. Há de se pontuar que a BRK Ambiental em nenhum momento comunicou tal ação à Emlurb.
Nesta semana, a equipe técnica da Emlurb foi surpreendida com o surgimento deste abatimento, que foi provocado por esta caixa cega que não se encontrava totalmente íntegra e não estava devidamente vedada”, relata a Emlurb em nota.
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PREVISÃO DE CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS
A Emlurb estima que os serviços sejam finalizados até esta quarta-feira (20). Diz que uma equipe já se encontra no local para fazer os reparos que são de competência da autarquia para que a Compesa finalize a sua parte. “A equipe fará o reparo da galeria de águas pluviais e prosseguirá com uma inspeção mais detalhada do caso com o intuito de atestar a responsabilidade do ocorrido”, diz.
COMPESA DIZ QUE RESPONSABILIDADE POR PROBLEMA PRECISA SER PROVADA
A Compesa rebateu as acusações da Emlurb sobre a responsabilidade pela abertura da cratera, afirmando que a autarquia precisaria provar antes de afirmar. Confira a nota oficial enviada pela companhia:
“A respeito da questão relacionada a um abatimento na rede de drenagem (galeria de águas pluviais) na Via Mangue, mais precisamente na subida próximo ao antigo BIG Bompreço, a Compesa faz os seguintes esclarecimentos:
1. Um abatimento no asfalto pode ser decorrente de vários fatores. Neste caso específico, o afundamento perceptível na via ocorre na rede de drenagem, serviço gerenciado pela Emlurb;
2. Ainda ontem (18), quando soube da ocorrência, a Compesa enviou duas equipes técnicas (água e esgoto) e não foi encontrado na área qualquer ponto de vazamento na rede de abastecimento de água, por onde, naquela artéria, passa uma tubulação de grande porte, de 600 mm. Também foi verificado que não há extravasamento de esgoto que pudesse ter contribuído com a avaria apresentada no pavimento. Portanto, as duas redes estão intactas e sem qualquer anormalidade;
3. A Emlurb alega que o problema detectado na rede de drenagem teria sido provocado por uma obra de esgoto realizada pela BRK e finalizada em 2022. Diante do exposto, para comprovar a culpabilidade imputada pela Emlurb, seria necessário a realização de uma perícia, pois não é possível sustentar essa possibilidade apenas com análises visuais;
4. A Compesa ressalta que todas as interferências e ações ocorridas durante a obra citada pela Emlurb foram executadas com as devidas autorizações e atestos da empresa de manutenção urbana, estando em conformidade com os parâmetros técnicos estabelecidos pelo órgão municipal;
5. A Compesa reconhece a sua obrigação, como empresa estatal, de atuar de forma célere para solucionar as ocorrências nas redes de infraestrutura hídrica e de esgotamento sanitário, inclusive na correção de eventuais falhas em ações sob a sua supervisão. Quando da competência da empresa, as questões são avaliadas e prontamente solucionadas. À Compesa, interessa identificar as ocorrências, assumir responsabilidades pelos seus serviços e atuar rapidamente, a fim de evitar transtornos à população;
6. Independentemente da causa do abatimento, a Compesa determinou a presença de equipes no local durante a execução dos serviços de drenagem pela Emlurb, prontas para atuar na eventualidade de alguma ação emergencial que demande ajustes nas redes de água e esgoto”, finaliza na nota.
EMLURB E COMPESA TÊM TROCADO ACUSAÇÕES SOBRE INTERFERÊNCIAS NA INFRAESTRUTURA DO RECIFE
As acusações de responsabilidade sobre interferências na infraestrutura viária do Recife entre a Emlurb e a Compesa estão se tornando comuns este ano - fato que, na visão do JC, é reflexo da alternância de poder (o governo de Pernambuco não é mais comandado pelo PSB, mesmo partido do comando da PCR). Em maio, num gesto raro, a Emlurb divulgou oficialmente que tinha aplicado mais de 170 multas, que totalizam R$ 5,8 milhões, à Compesa.
As multas seriam pelo rastro de destruição que a companhia deixa no sistema viário da capital quando executa obras, impactando na mobilidade urbana da cidade e prejudicando a circulação das pessoas.
Segundo a Emlurb, as multas aplicadas contra a Compesa totalizaram, até aquele período, mais de R$ 5,8 milhões e são referentes apenas ao período de cinco meses, entre janeiro e maio deste ano. E são multas provocadas pelo evidente desrespeito do órgão estadual às legislações municipais.
Estão relacionadas à realização de obras sem anuência nas vias; falta de sinalização, sinalização deficiente ou ausência de identificação; e descumprimento de prazos legais, como falta de remoção de entulho de obra e ausência de recomposição do pavimento.
Foram aplicadas 172 penalidades, segundo a Emlurb. Muitas delas por intervenções realizadas pela Compesa em ruas e avenidas recentemente pavimentadas ou requalificadas.