DESAFIOS EM PERNAMBUCO

Infraestrutura tem cenário menos ruim, mas projetos fundamentais para o Estado seguem travados

O Arco Metropolitano, corredor rodoviário metropolitano previsto para desafogar o contorno urbano da BR-101 no Grande Recife, é o maior deles

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Roberta Soares

Publicado em 02/04/2024 às 23:50
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As estradas também seguem sendo um grande desafio para Pernambuco. Foram para as gestões anteriores a Raquel Lyra e seguirão sendo para as futuras. A ampliação e a requalificação da malha rodoviária do Estado são um trabalho diário e permanente, que exige um orçamento caro.

No caso de Pernambuco, estamos falando de 12,5 mil quilômetros de rodovias, a quarta maior malha rodoviária do Nordeste. São 142 rodovias estaduais e 13 estradas federais existentes no Estado. Em 2023, o Estado diz ter investido R$ 900 milhões na malha rodoviária.

E como já dissemos, Pernambuco segue dependente de projetos estruturais discutidos e esperados há décadas. É o caso, por exemplo, da implantação do Arco Metropolitano, projeto de infraestrutura rodoviária que há quase 20 anos é discutido para desafogar a Região Metropolitana do Recife sem nunca ter saído do papel, e da restauração e futuro da BR-232 até Caruaru, no Agreste pernambucano.

O Arco, inclusive, é um dos investimentos de infraestrutura mais urgentes de Pernambuco e que está virando quase uma lenda urbana no Estado. O impasse que envolve o projeto segue: se o traçado vai ‘arrodear’ ou não a Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia Beberibe. Isso ainda não foi definido pelo governo de Pernambuco. Um estudo segue sendo feito para o Trecho Norte (Lote 1: BR-408, em Paudalho, até a BR-101 Norte, em Goiana).

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Arco Metropolitano é promessa desde os anos 1990 para desafogar o contorno urbano da BR-101 - Divulgação

O projeto ganhou uma ajuda de peso para tentar viabilizá-lo. Foi incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2024, aprovada no fim de dezembro, pelo Congresso Nacional. Na prática, a inclusão na LDO abre caminho para que o Estado de Pernambuco possa buscar recursos federais para, enfim, iniciar a construção do novo sistema rodoviário.

A inclusão do Arco Metropolitano na LDO foi possível através de emenda do deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos/PE), que coordena a Bancada Pernambucana no Congresso Nacional.

O Arco Metropolitano está orçado em R$ 1,3 bilhão. O trecho norte deverá compreender uma extensão de 50km da BR-408, em Paudalho, até a BR-101 Norte, em Goiana. Já o traçado Sul terá 45km da BR-408, em Paudalho, à BR-101 Sul, no Cabo de Santo Agostinho.

PREVISÃO DE COMEÇAR PELO TRECHO MENOS POLÊMICO

Alexandre Gondim/JC Imagem
Arco Metropolitano virou uma lenda urbana no Estado - Alexandre Gondim/JC Imagem

O Arco Metropolitano tem uma nova previsão de começar a sair do papel este ano, pelo lado mais fácil e menos polêmico, e com a ajuda do governo federal. A estimativa já tinha sido anunciada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, durante visita a Pernambuco, e foi confirmada pela governadora Raquel Lyra, no ano passado. A governadora garantiu a licitação da obra para o início de 2024.

O trecho a que a governadora se referiu foi o Lote 2, conhecido como trecho Sul, que compreende 27 km ligando o Cabo de Santo Agostinho à BR-232 e, de lá, segue até a BR-408, na altura do município de Paudalho. É considerado o trecho mais simples e menos polêmico do Arco Metropolitano.

O Lote 1, que liga Paudalho a Goiana (Mata Norte do Estado) é marcado por divergências, porque corta a área de proteção ambiental Aldeia-Beberibe (APA Beberibe). Para esta etapa ainda está em discussão alternativas de traçado. No total, o Arco Metropolitano será uma rodovia duplicada com 65 km, que ligará o Norte ao Sul da Região Metropolitana do Recife e a municípios da Zona da Mata. 

PROJETO DE PEDÁGIO PARADO

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Futuro da BR-232, que pode incluir um pedágio urbano, segue sendo desafio do Estado. Rodovia está sob gestão do governo de Pernambuco e sofre com degradação - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Futuro da BR-232, que pode incluir um pedágio urbano, segue sendo desafio do Estado. Rodovia está sob gestão do governo de Pernambuco e sofre com degradação - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Soluções de concessão de rodovias para a iniciativa privada é outro desafio para Pernambuco, que até hoje tem apenas duas rodovias pedagiadas, que totalizam menos de 30 quilômetros (Rota do Atlântico, no acesso ao Porto de Suape e parte do Litoral Sul, e Rota dos Coqueiros, no acesso à Praia do Paiva, também no Litoral Sul).

O governo do PSB chegou a deixar um pacote de concessão de rodovias estaduais pronto para ser licitado, mas o atual governo estadual não avançou com ele até agora. O pacote, elaborado pelo BNDES sob coordenação da Secretaria de Planejamento de Pernambuco (Seplag), previa a cobrança de pedágio em três rodovias estaduais: PE-60, a mais famosa; a PE-90, que liga Toritama, no Agreste, ao município de Carpina, na Zona da Mata Norte; e a PE-50, que conecta Limoeiro à BR-232, em Vitória de Santo Antão, também no Agreste pernambucano.

“A Região Metropolitana do Recife precisa desses projetos, principalmente do Arco Metropolitano. A quarta perimetral da cidade (a BR-101) não suporta sozinha o volume de veículos. O mesmo vale para as concessões públicas, com destaque para a PE-60, a nossa via litorânea, e a BR-232, eixo rodoviário estrutural do Estado”, alerta um especialista da área em reserva.

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