Os motoristas de ônibus voltaram a fazer uma paralisação de alerta no Centro do Recife nesta sexta-feira (9/8), fechando vias e obrigando passageiros a descer e enfrentar transtornos para circular. A manifestação tenta forçar o governo de Pernambuco a se envolver diretamente para evitar a greve da categoria, prevista para iniciar na segunda-feira (9/8).
O movimento começou por volta do meio-dia e deverá ser encerrado entre 13h30 e 14h. O entendimento da categoria é que só o governo do Estado poderá evitar a greve como gestor do sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife e, por isso, cobra uma maior participação do Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) nas negociações salariais.
“Queremos que o governo do Estado sente com a categoria e, não, apenas com os empresários. O Estado tem responsabilidade sobre o transporte público e não pode apenas sentar com o setor empresarial e repassar subsídios públicos para o sistema. É preciso atender à categoria”, afirmou Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco.
ESTADO EXIGE 70% DA FROTA DE ÔNIBUS NOS HORÁRIOS DE PICO
Pelo cálculo da frota de coletivos programada para o mês de agosto, seria o equivalente a estar em operação 1.558 ônibus nos horários de pico (70% da frota) e 1.113 ônibus no fora pico (50% da frota)
O governo de Pernambuco determinou que, durante a greve dos motoristas de ônibus marcada para ter início na segunda-feira (12/8), a categoria garanta a prestação mínima do serviço de transporte público nas ruas da Região Metropolitana do Recife. O Estado quer que seja mantida a oferta de 70% da frota de ônibus nos horários de pico (das 5h às 9h) e de 50% no restante dos horários.
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Pelo cálculo da frota de coletivos programada para o mês de agosto, seria o equivalente a estar em operação 1.558 ônibus nos horário de pico (70% da frota) e 1.113 ônibus no fora pico (50% da frota). O documento foi enviado nesta quinta-feira (8) ao Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e é assinado pelo presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), Matheus Freitas.
Não se tem garantia alguma, entretanto, de que a determinação do governo será cumprida pelos rodoviários. Por isso, a população deve se organizar para tentar minimizar o impacto do movimento nesta segunda.
CONFIRA A FROTA QUE DEVERÁ ESTAR EM OPERAÇÃO DURANTE A GREVE DOS MOTORISTAS, SEGUNDO DETERMINAÇÃO DO ESTADO:
BORBOREMA - 243 ônibus nos picos (70% da frota) e 174 ônibus no fora pico (50% da frota)
CAXANGÁ - 222 ônibus nos picos (70% da frota) e 159 ônibus no fora pico (50% da frota)
CONSÓRCIO CONORTE - 307 ônibus nos picos (70% da frota) e 220 ônibus no fora pico (50% da frota)
CONSÓRCIO RECIFE - 125 ônibus nos picos (70% da frota) e 89 ônibus no fora pico (50% da frota)
EMPRESA METROPOLITANA - 207 ônibus nos picos (70% da frota) e 148 ônibus no fora pico (50% da frota)
GLOBO - 89 ônibus nos picos (70% da frota) e 64 ônibus no fora pico (50% da frota)
MOBIBRASIL - 216 ônibus nos picos (70% da frota) e 154 ônibus no fora pico (50% da frota)
SÃO JUDAS TADEU - 69 ônibus nos picos (70% da frota) e 50 ônibus no fora pico (50% da frota)
VIAÇÃO MIRIM - 13 ônibus nos picos (70% da frota) e 10 ônibus no fora pico (50% da frota)
VERA CRUZ - 67 ônibus nos picos (70% da frota) e 48 ônibus no fora pico (50% da frota)
TOTAL EM OPERAÇÃO DURANTE A GREVE - 1.558 ônibus nos picos (70% da frota) e 1.113 ônibus no fora pico (50% da frota)
No documento, o CTM determina que, diante da anunciada greve para o dia 12, é necessário garantir o pleno funcionamento do Sistema de Transporte Público e Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), já que trata-se de um serviço público essencial à população.
Matheus Freitas cita a Lei Federal 7.783 de 1989 (Lei das Greves) e a Constituição Federal, em seu Artigo 37, inciso VII, que embora valide o direito à greve, exige a plena legalidade para o ato. “Embora o exercício de greve seja garantia fundamental, só é possível invocar a referida proteção constitucional quando o exercício do direito é revestido de legalidade. E, considerando o caráter essencial da prestação do serviço de transporte público, é indispensável garantir a continuidade da prestação do serviço na RMR”, argumenta no documento.
GREVE DOS MOTORISTAS MARCADA PARA SEGUNDA-FEIRA (12) NA RMR
Após diversas assembleias volantes realizadas por mais de uma semana nas garagens das empresas de ônibus, os rodoviários rejeitaram a proposta da Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco) e autorizaram a realização de uma greve geral da categoria a partir do dia 12/8.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR, mais de 800 trabalhadores aprovaram a deflagração da greve. A categoria não aceitou a proposta de reajuste salarial e também segue exigindo plano de saúde.
"A categoria rejeitou a proposta de reajuste, que foi de apenas 0,5% acima da inflação, também rejeitou a proposta de aumento do tíquete alimentação, que hoje é R$ 366,00 e ofereceram apenas R$ 400,00 - que é o mais baixo do Brasil. A categoria também rejeitou a proposta porque a principal pauta não está sendo atendida, que é o plano de saúde. Pernambuco é o único estado do Nordeste onde os rodoviários não têm plano de saúde. Por isso que rejeitamos essa proposta da Urbana", afirmou Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco.
O representante sindical também confirmou o início da greve para a próxima segunda-feira, com a paralisação dos ônibus. "Estamos entrando de greve a partir do próximo dia 12 de agosto. A Urbana disse que o tempo é curto para poder aprovar a questão do planto de saúde. Mas a gente poderia amarrar isso na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e daqui a alguns meses, três ou quatro meses, se conseguiria implementar isso. Sendo que, na verdade, a Urbana não quer se comprometer em cláusula de convenção essa implementação do plano de saúde. E nós estamos falando de trabalhadores que precisam dessa assistência privada, pois estão expostos à violência no transporte, ao estresse, à dupla função... Então, a categoria adoece", enfatizou Aldo Lima.
EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS DENUNCIAM USO POLÍTICO DO MOVIMENTO EM PERNAMBUCO
Em nota enviada à imprensa, a Urbana-PE esclareceu que desde o início do mês de julho vem tratando das negociações coletivas da categoria, mas que o uso político do sindicato tem prejudicado o avanço de um possível acordo.
“A Urbana-PE reitera que desde o início do mês de julho tratou com o Sindicato dos Rodoviários sobre as negociações coletivas da categoria. A Urbana-PE se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria.
Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da Região Metropolitana do Recife (RMR). Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos.
É inaceitável que a nossa população e a mobilidade da RMR sejam penalizadas para servir aos interesses de determinados grupos. Apenas em 2024 a RMR já sofreu com 29 paralisações ilegais promovidas pelas lideranças rodoviárias, que parecem ter sido estendidas para coincidirem com o período eleitoral. Assim, diante da greve, a Urbana-PE assegura que se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local”.