Dia Mundial das Vítimas do Trânsito: Brasil segue contando seus mortos no trânsito
O Brasil mata mais de 33 mil pessoas no trânsito por ano. Outras 1,35 milhão morrem no mundo. São 140 mil vítimas por dia, entre mortos e feridos
Há 31 anos, todo terceiro domingo do mês de novembro é uma data para lembrar dos milhares de mortos e mutilados pela imprudência no trânsito. É quando acontece o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito. E o Brasil e o mundo seguem contando seus mortos e mutilados em colisões, quedas e atropelamentos nas ruas, avenidas e estradas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 1,35 milhão de mortos por ano e 50 milhões de feridos em todo mundo, vítimas da violência no trânsito. Ou seja, são 140 mil vítimas por dia, entre mortos e feridos - uma verdadeira pandemia que se repete há décadas.
No Brasil, são mais de 33 mil mortos anualmente e mais de 500 mil feridos e mutilados: 240 mil pessoas ficam com invalidez permanente - a grande maioria jovens - e outras 300 mil têm ferimentos leves. Todas, são mortes evitáveis, como se costuma dizer.
DATA TENTA COMBATER A INDIFERENÇA DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO ÀS MORTES NO TRÂNSITO
Por isso, o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito é uma data triste, criada para tentar convencer a sociedade sobre a importância da segurança viária e sobre a responsabilidade de integrar o sistema de trânsito, principalmente na condução de veículos motorizados, mas também como pedestres e ciclistas.
É uma data que busca auxiliar os governos a atingir a meta de redução de 50% nas lesões e mortes no trânsito, mantida pela Segunda Década de Ação para a Segurança no Trânsito (2021-2030). A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2020.
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É, inclusive, a segunda tentativa da ONU, já que a Primeira Década foi um fracasso no mundo e, principalmente, no Brasil.
BRASIL TEM AUMENTO DO NÚMERO DE MORTOS MAIS UMA VEZ
Mais uma vez, o Brasil não tem o que comemorar no Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito. Dados preliminares da mortalidade em 2023, disponibilizados pelo Ministério da Saúde (a fonte mais segura que atualmente existe), mostram que as mortes no trânsito voltaram a subir e devem ter índices de aumento de até 8%.
A análise preliminar das mortes no trânsito em 2023 foi feita pela Vital Strategies,
parceira da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, utilizando como fonte a base de dados disponível no DataSUS. E mostra que, se até o ano passado o País ainda hesitava se o aumento iria se manter, agora o crescimento é certo. O Brasil saiu da estabilidade das mortes - mesmo assim alta e superior aos 30 mil mortos - e caminha para o crescimento.
Segundo os dados preliminares do DataSUS, 33.743 pessoas morreram no trânsito em 2023 no País. Na análise da Vital Strategies, mesmo em caráter preliminar, o número de mortes no trânsito em 2023 já está quase no mesmo nível do consolidado de 2022, quando 33.894 pessoas morreram. Ou seja, o aumento é certo.
CRESCIMENTO DEVERÁ SER DE 4,7% A 8%, SEGUNDO ANÁLISE DO HISTÓRICO
A expectativa, tendo como base o histórico de crescimento entre os dados preliminares e consolidados do DataSUS, é de que haja uma majoração entre 4,7% e 8%. O ano de 2020 teve a maior variação (8,4%), enquanto 2019 teve a menor (5,2%).
“Com base nas variações históricas, podemos fazer uma estimativa do que teremos quando os dados de 2023 forem consolidados. Assim, estimamos que o número consolidado de mortes no trânsito em 2023 ficará entre 35.492 (estimativa mínima) e 36.593 (estimativa máxima)”, explicou, na época da divulgação do levantamento, Dante Rosado, gerente sênior da Vital Strategies.
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Se o percentual de aumento for de 4,7%, o número de mortes no trânsito em 2023 no Brasil será de 35.492 vítimas, 1.749 vítimas a mais do que em 2022. Ou seja, quase duas mil vidas perdidas de forma evitável. Mas se o percentual de crescimento for ainda maior, na casa dos 8%, o trânsito terá matado ainda mais pessoas: serão 36.593 mortes, 2.850 a mais do que 2022.
ENTENDA COMO SURGIU O DIA MUNDIAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS NO TRÂNSITO
A data surgiu no Reino Unido, quando vários serviços religiosos em memória das vítimas de trânsito foram realizados em 1993 e 1994, coordenados pela RoadPeace, instituição de caridade do Reino Unido para vítimas de trânsito, fundada em 1992 e afiliada da Federação Europeia de Vítimas de Tráfego Rodoviário (FEVR).
A partir de 1995, as organizações de vítimas de trânsito ligadas à FEVR começaram a celebrar a data juntas, começando com o Dia Europeu da Memória e, em seguida, como o Dia Mundial, quando ONGs da África, América do Sul e Ásia se uniram à celebração.
Dez anos depois, em 26 de outubro de 2005, o Dia Mundial foi adotado pela Assembleia Geral da ONU como o reconhecimento apropriado para as vítimas de acidentes de trânsito e suas famílias. Em 2021, a data foi registrada como Fundação e, desde então, o Dia Mundial é comemorado em todos os continentes.
No Brasil, a data foi celebrada pela primeira vez em 2007, por iniciativa da ONG Trânsito Amigo. A partir daí várias entidades e órgãos do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) passaram a lembrar da data.