Mortes no trânsito: quatro ciclistas atropelados no Grande Recife em três semanas. Mortes assustam quem pedala
Estrada da Muribeca, onde aconteceu a morte recente, é uma das rodovias mais perigosas da RMR. Mesmo assim, não tem ciclovia nem existe previsão
Depois de três ciclistas serem mortos num intervalo de oito dias no Recife, mais uma vítima não sobreviveu a um atropelamento na manhã desta sexta-feira (4/10), em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. O ciclista, um homem de 60 anos, morreu na hora, depois que o caminhão, sem controle do condutor, passou por cima dele.
O atropelamento aconteceu na rodovia estadual PE-17, mais conhecida como Estrada da Muribeca, no trecho do bairro de Muribequinha. A rodovia está sendo requalificada pelo governo do Estado, mas não tem ciclovia e não há previsão de ter, apesar do alto número de ciclistas que circulam na via.
A vítima estaria pedalando no acostamento, quando o sinistro de trânsito aconteceu (não se define mais como acidente de trânsito, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a ABNT). Revoltadas, pessoas que conheciam o ciclista, que seria vendedor de macaxeira na região, depredaram o caminhão após a colisão.
A rodovia estadual PE-17 tem tráfego intenso de veículos porque faz conexão com a BR-101 e corta três bairros do município - Muribeca Guararapes, Jardim Muribeca e Muribequinha, chegando à área central de Jaboatão Centro.
É um importante eixo de integração entre a BR-101 e a área de Jaboatão Centro. São mais de 24 mil veículos circulando diariamente na rodovia, em 12 km de extensão. E a grande maioria são caminhões e ônibus.
ESTRADA DA MURIBECA ESTÁ SENDO RESTAURADA, MAS PROJETO NÃO PREVÊ CICLOVIA
Apesar de os ciclistas serem um fenômeno à parte na PE-17, a rodovia não tem uma infraestrutura de segurança para quem pedala e não deverá ter nem tão cedo. O projeto de restauração da rodovia, orçado em R$ 33 milhões e com obras iniciadas ainda na gestão estadual do PSB, não prevê a implantação de uma ciclovia na via.
A notícia preocupa porque o volume de pessoas que pedalam pela rodovia impressiona e assusta, exatamente por evidenciar ainda mais a insegurança viária dominante no eixo. A confusão com caminhões e automóveis como protagonistas deixa os pedestres e ciclistas ainda mais expostos. Mas mesmo assim as pessoas se expõem.
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TRÊS CICLISTAS ATROPELADOS E MORTOS EM OITO DIAS NO RECIFE
Num intervalo de oito dias, três ciclistas - dois homens e uma jovem mulher - foram atropelados e mortos em diferentes bairros da cidade. Duas das vítimas - os dois homens - atropelados praticamente no mesmo horário e mortos na hora por motoristas do transporte público. Eram trabalhadores que usavam bike para se deslocar.
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O primeiro morreu atropelado pelo motorista de um ônibus da empresa Caxangá, na Praça da Convenção, em Beberibe, na Zona Norte do Recife, e o segundo pelo condutor do Sistema de Transporte Complementar de Passageiros do Recife (SCTP), na Ponte-Viaduto Torre-Parnamirim, em Parnamirim, na mesma região.
A terceira vítima, uma estudante de engenharia civil da Universidade de Pernambuco (UPE), foi atropelada por um motoqueiro - a informação era de que seria condutor de aplicativo de transporte - na Torre, Zona Oeste do Recife. Ana Gabriela Sena de Barros, 20 anos, lutou pela vida por mais de dois dias, mas no dia 26 faleceu.
LEVANTAMENTO APONTA EXPLOSÃO DE SINISTROS DE TRÂNSITO COM VÍTIMAS NO RECIFE
Levantamento sobre os sinistros de trânsito com vítimas no Recife revelam um crescimento impressionante nos últimos três anos. A capital pernambucana teria tido um aumento superior a 100% nos registros de colisões, quedas, atropelamentos e outros tipos de sinistros no trânsito com vítimas de 2022 para 2024.
Quando o recorte é feito de janeiro a maio de cada ano, o aumento é de 116,5% comparando 2022, 2023 e 2024. Mas quando a análise é de mês a mês, o crescimento chega a 139%, como aconteceu entre os meses de maio dos três anos analisados. De 2024 em relação a 2023, o aumento foi de 53,9%.
Os registros com vítimas no trânsito recifense aumentaram 62,66% em 2023 em comparação com 2022. O levantamento foi realizado pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) com os dados abertos da Prefeitura do Recife. A comparação dos anos de 2022 e 2023 com 2024 não foi possível porque os dados existentes são referentes apenas aos cinco primeiros meses deste ano.