Trânsito do Centro do Recife nunca esteve tão ruim e sem perspectivas de melhorias
A Prefeitura do Recife deu início às alterações previstas no Plano de Circulação do Centro do Recife, mas os resultados ainda não apareceram
O trânsito do Centro do Recife nunca esteve tão ruim. Entrar e sair da área central, especialmente dos bairros de Santo Antônio, São José e parte da Boa Vista, tem sido penoso em muitos horários do dia. Para motoristas, ainda mais para passageiros do transporte público, que ficam presos em meio às retenções por falta de prioridade viária aos ônibus.
E quando acontece alguma intervenção - como o fechamento, sem aviso prévio à sociedade, do entorno da Praça da República para a montagem de um palco para apresentação da Cantata de Natal do Tribunal de Justiça (TJPE) -, a situação fica ainda pior.
O novo Plano de Circulação do Centro do Recife, anunciado ainda no fim de 2023, ainda não conseguiu ser implantado como prometido e, o pouco que foi feito, também não apresentou os resultados esperados.
É o caso, por exemplo, da tentativa de protagonizar a Avenida Dantas Barreto como um corredor de entrada e saída da região central. Na prática, a avenida tem funcionado como saída do tráfego em direção à Zona Sul da capital, mas não de entrada no Centro.
A Prefeitura do Recife chegou a construir uma alça de acesso na descida do Viaduto das Cinco Pontas, liberada para uso em outubro, mas que ainda está sendo subutilizada.
“Levei um tempo para experimentar a alça e gostei. Mas a circulação pela via local da Avenida Dantas Barreto está muito ruim. A prefeitura criou o acesso, mas não ordenou o espaço e a interferência no trânsito é frequente. Além disso, somos levados para a Avenida Nossa Senhora do Carmo, que já tem um tráfego pesado de ônibus”, avaliou o servidor público federal Marcelo Lopes, que todos os dias vai de carro de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade, para o Centro.
FECHAMENTO DA PONTE GIRATÓRIA SEGUE SENDO O GRANDE GARGALO
A interdição há quase dois anos da Ponte 12 de Setembro, mais conhecida como Ponte Giratória, é o grande gargalo da região central e que tem provocado mudanças de circulação pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU).
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A Ponte Giratória liga o bairro de São José ao Bairro do Recife e era uma conexão fundamental para a entrada e saída da região central. A nova fase de requalificação - depois que uma grave patologia foi identificada no equipamento - teve início em 30 de setembro e tem prazo de 18 meses para ser finalizada, com um investimento de R$ 14,3 milhões.
POUCA PRIORIDADE AO TRANSPORTE PÚBLICO E ESTÍMULO AO CARRO
Na visão de urbanistas ouvidos pelo JC, o problema da circulação do Centro do Recife é resultado da falta de prioridade e logística para o transporte coletivo. “Está ruim todo dia, não foi só a interdição para a Cantata de Natal. Como previsto, houve um estímulo ao uso do carro”, critica um urbanista em reserva.
“Objetivo da CTTU deveria ser reduzir a dependência do carro, não investir para melhorar as condições para os motoristas. Estão cavando a própria cova com a estratégia de melhorar a fluidez porque a geometria da cidade não permite”, alerta. “São 4 milhões de habitantes na RMR. Não se resolve nada sem priorização do coletivo”, finaliza.
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O JC tenta falar sobre a situação do trânsito do Centro da capital com a Prefeitura do Recife, via CTTU, desde o início de novembro, mas sem conseguir qualquer retorno da gestão municipal.
AS PRIMEIRAS MUDANÇAS NO CENTRO DO RECIFE
Desde o dia 14 de outubro, a Prefeitura do Recife deu início às alterações previstas no Plano de Circulação do Centro do Recife, projeto que vem sendo desenvolvido pelo município desde 2023 e tinha previsão de começar a ser implementado ainda no início de 2024. A nova circulação tem como objetivo melhorar a conexão dos bairros centrais (São José, Santo Antônio e Bairro do Recife) com as Zonas Sul e Oeste da cidade.
E começou com a Avenida Dantas Barreto, corredor de conexão da área central. A via teve o sentido de tráfego alterado entre a Avenida Nossa Senhora do Carmo e a Avenida Sul, passando de mão dupla para sentido único, na direção da Avenida Sul. E o trecho, que antes era reservado apenas para o transporte público (sete linhas de ônibus), passou a ser misto (com circulação de veículos particulares). A avenida ainda ganhou uma nova ciclofaixa de um quilômetro e, por isso, teve o limite de velocidade reduzido para 40 km/h, aumentando a segurança para pedestres e ciclistas.
Com as mudanças, os motoristas que chegam pela Avenida Sul, saídos da Zona Oeste, podem acessar a via local da Avenida Dantas Barreto em direção ao Centro, sem precisar utilizar o Cais de Santa Rita, como acontecia. A mudança permitiu uma nova conexão com a Avenida Nossa Senhora do Carmo e a Avenida Martins de Barros.
NOVOS ACESSOS PARA ZONA SUL E ZONA OESTE
A permissão de tráfego misto na Avenida Dantas Barreto também permitiu que os condutores acessem a Avenida Dantas Barreto a partir da Praça da República. Para quem segue em direção à Zona Sul do Recife, por exemplo, pode seguir pela Avenida Dantas Barreto e fazer o mesmo percurso que era feito pelos ônibus: no cruzamento com a Rua do Peixoto gira à esquerda e segue pela Rua Padre Muniz e o Viaduto do Forte das Cinco Pontas, chegando ao Cais José Estelita. Já os condutores com destino à Zona Oeste podem seguir em frente pela Avenida Dantas Barreto e acessar a Rua Imperial na Praça Sergio Loreto.
MUDANÇAS PARA QUEM ENTRA NO CENTRO A PARTIR DA ZONA SUL
Para quem entra no centro do Recife pelo Viaduto do Forte das Cinco Pontas foi criada uma nova opção de acesso através da nova alça construída à direita e que faz conexão com a Avenida Sul, Praça Frei Caneca, Praça das Cinco Pontas, Rua Vidal de Negreiros e Rua Imperial, caindo na Avenida Dantas Barreto.
As mudanças no Centro também incluem a ampliação da segurança para pedestres, com a implantação total de 46 travessias na Avenida Dantas Barreto e vias transversais. A CTTU garantiu, na época, que boa parte dessas travessias seria semaforizada e situada perto de pontos de interesse e áreas de embarque e desembarque do transporte público.