O poeta espanhol Joaquin Sabina (Úbeda, 12/2/49) escreve em uma de suas músicas mais famosa, que “quando me falam de destino eu mudo de conversa”.
Mas o que é o destino, então? O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844—1900) define o destino como um “conceito que fazemos com base em um acontecimento imprevisível e inalterável para identificar aquilo que não é identificável”.
E por que hoje eu estou falando de Sabina, de Nietzsche? Porque o presidente da República, instigado por uma apoiadora a mandar uma mensagem para os familiares dos mais de 30 mil brasileiros que morreram vitimados pelo coronavírus, Jair Bolsonaro limitou-se a dizer que “lamenta todos os mortos, mas (a morte) é o destino de todo mundo.”
Vamos imaginar algumas situações hipotéticas: a primeira delas é se o presidente dirigir em alta velocidade, ele estará mais próximo de sofrer ou provocar um acidente do que quem anda na velocidade da via. Então, no primeiro caso, o motorista irresponsável contribuiu para provocar o acidente.
É o caso da situação do Brasil que dia após dia bate recorde no número de infectados com o coronavírus. Só nas últimas 24 horas, foram 1.349 mortes.
Não pode ser somente obra do destino que o Brasil tenha perdido 32.548 dos seus filhos para a pandemia. Não é o destino.
Enquanto o vírus se alastrava pelo país, o presidente trocou três gestores no Ministério da Saúde, sendo que o último, o general Eduardo Pazuello, foi nomeado ontem, como interino. O que pode ser um claro sinal de que alguma alteração no comando do enfrentamento da doença ainda está por vir.
O que fica bem caracterizado é que o presidente da República terceirizou a pandemia e suas dolorosas consequências ao destino e feito Pôncio Pilatos (12 a.C-39 d.C) Jair Bolsonaro lavou as mãos para o coronavírus.
Pense nisso!