O governo é descuidado com o cidadão, e as pessoas são desleixadas com o vírus

O Brasil sempre esteve na contramão no enfrentamento da pandemia, mas tem sido cada vez mais negligente
Romoaldo de Souza
Publicado em 22/12/2020 às 8:16
A Fiocruz defende, na publicação, a interrupção de atividades não essenciais, incluindo a suspensão de aulas presenciais e um toque de recolher nacional de 20 horas às 6 horas, além da ampliação do uso de máscaras Foto: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM


Numa tarde modorrenta de maio de 1997, regado à chá de hortelã e conhaque de qualidade duvidosa, o cantor baiano Raul Santos Seixas e o compositor Cláudio Roberto fizeram uma reuniãozinha de amigos para comemorar e aniversário de Cláudio enquanto aprontavam um dos mais importantes álbuns do cantor baiano.

O disco ainda não tinha nome, mas tanto Raul Seixas como Cláudio Roberto tinha fechado que “O Dia em que a Terra Parou” seria a música para celebrar a parceria entre os dois.

“E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar”

Eu recortei esse trecho do poema, para lembrar que o Brasil está na contramão no enfrentamento da pandemia. Sempre esteve, mas nos dias atuais tem sido cada vez mais negligente. O governo é descuidado com o cidadão, e as pessoas são desleixadas com o vírus.

Ontem, enquanto boa parte dos países da Europa, da Ásia e das Américas decidiam fechar as fronteiras para a entrada de pessoas vindas do Reino Unido, o Brasil sequer sabia quando vai dar início à vacinação.

Na semana do Natal e às vésperas do Ano Novo os hospitais estão lotados, mas as pessoas e as autoridades fingem que o problema não é com elas.

Pense nisso!

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