Gosto de destacar o poema “No Caminho, com Maiakóviski”, de Eduardo Alves da Costa, quando ele diz:
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada”
No Congresso Nacional há um grupo pouco numeroso, mas que faz um barulho ensurdecedor, que ganhou o singelo rótulo de “bancada da bala”.
Algumas de suas propostas chegam a beirar o absurdo, como a que retira dos governadores estaduais o poder de nomear os comandantes das policiais militares.
Pela iniciativa, seria instituída uma lista tríplice como forma de escolha dos comandantes-gerais, que teriam mandato de dois anos e autonomia orçamentária.
Logo depois, a mesma bancada da bala apadrinhou um projeto de lei concedendo anistia a 74 policiais militares que dispersaram, à bala, uma rebelião no presídio do Carandiru, na zona Norte de São Paulo, em outubro de 2019. No fim da operação, 111 presos estavam mortos.
Um dos integrantes dessa bancada, o deputado Sargento Fahur (PSD-PR), defendeu o perdão aos policiais, afirmando que eles agiram “para enfrentar bandidos” e que “deveriam ser tratados como heróis”.
O poema de Eduardo Alves da Costa nos adverte que a sociedade, o eleitor, devem estar de olhos bem abertos, vigilantes para que esse tipo de medida não prospere.
Pense nisso!
PS: deixo leitores e leitoras pelos próximos 15 dias descansarem dos meus argumentos. Volto logo!