Um conselhão que pouco aconselha, um cavalo de batalha que não vence a guerra, mas o presidente Lula segue tentando. Já no Congresso o governo não para de contabilizar derrotas

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Romoaldo de Souza
Publicado em 04/05/2023 às 23:23
Lula durante reunião com o 'Conselhão' nesta quinta-feira (04). Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República


“Tem tanta água e energia, tem até gente pedindo pra parar de chover em algumas regiões. A energia cair bem quando eu tô falando é brincadeira…”, reclamou, em tom de brincadeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando estava para começar o seu discurso na abertura da reunião que marcou o retorno do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, também chamado de Conselhão. E o aumentativo não tem nada de exagerado. É grande, mesmo. São 246 integrantes que vão de movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra); influenciadores gastronômicos, como Bella Gil; banqueiros, bancários, juristas e um sem-número de pessoas de todas as áreas, cores e regiões geográficas. O Conselhão voltou depois de ter sido extinto nos “tempos de trevas” do governo passado, segundo disse o presidente. "Nenhum governo, por mais competente, responsável e humanista que seja, é capaz de resolver sozinho os problemas de um país. Por isso, estou botando muita expectativa e esperança no mundo que vocês podem criar a partir das discussões aqui", disse.

Mas Lula tem seus motivos para recriar um grupo tão heterogêneo, com tantas cabeças pensantes para assessorá-lo quando sentir necessidade, porque ontem, o presidente fez questão de voltar à ladainha de sempre e descer a lenha no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “É muito engraçado o que se pensa nesse país, todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juro. ‘Ninguém fala de juro’, como se um homem sozinho soubesse mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, declarou Lula, quando foi aplaudido até por quem lucra com a atual política de juros altos. O cientista Silvio Meira, fundador do Porto Digital e pesquisador nas áreas de engenharia de software e inovação, defende que o Conselhão “traz de volta o debate civilizado, plural institucional, democrático, sobre e para o futuro do Brasil”.

LULA TRIPUDIA DO CORINTHIANS ENQUANTO SOFRE DERROTAS NO CONGRESSO
Ainda falando do Conselhão, antes de mudar de assunto, o presidente Lula cumprimentou a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, destacando que a reunião poderia ser mais plural se outro time paulista estive representado, “mas agora o Corinthians infelizmente não representa o que a gente quer no futuro”, lamentou Lula, esquecendo-se que Adilson Monteiro Alves, ex-cartola corinthiano e idealizador da Democracia Corinthiana, também integra o Conselhão. “É tanta gente que aos poucos é que a gente vai se encontrando”, desconversou.

No início da curta semana, em função do feriado do Dia do Trabalho, a Câmara impôs derrotas ao Palácio do Planalto, inviabilizando a votação do Projeto de Lei das Fake News, no dia seguinte, novo atropelo. Os deputados votaram para derrubar trechos de dois decretos do governo Lula modificando o marco legal do saneamento básico.

O primeiro ponto que acabou sendo excluído na Câmara permitia que empresas contratadas para realizar obras de saneamento básico apresentassem comprovantes de que teriam saúde financeira pelos próximos dois anos. O outro trecho determinava que empresas estatais prestassem serviços de saneamento em grandes cidades, sem que fosse necessários se submeter a processos de licitações.

A bancada pernambucana votou assim; três estavam ausentes - André Ferreira (PL), Luciano Bivar (União Brasil), Silvio Costa Filho (Republicanos). 14 votaram contra o governo Lula - Augusto Coutinho (Republicanos), Clarissa Tércio (PP), Coronel Meira (PL), Eduardo da Fonte (PP), Felipe Carreras (PSB), Fernando Coelho (União Brasil), Fernando Monteiro (PP), Fernando Rodolfo (PP), Guilherme Uchoa (PSB), Iza Arruda (MDB), Lula da Fonte (PP), Mendonça Filho (União Brasil), Pastor Eurico (PL), Waldemar Oliveira (Avante). E oito mantiveram o texto conforme foi orientado pelo governo - Carlos Veras (PT), Clodoaldo Magalhães (PV), Eriberto Medeiros (PSB), Lucas Ramos (PSB), Maria Arraes (Solidariedade), Pedro Campos (PSB), Renildo Calheiros (PCdoB), Túlio Gadêlha (Rede).

 

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