CARA-CRACÁ NA CPI DO MST IRRITA GOVERNISTAS
Integrantes de movimentos sociais convidados pelo PT e legendas de esquerda estão encontrando dificuldade para se credenciar e ter acesso à “Casa do Povo,” como definiu Ulysses Guimarães (1916-1992) ao se referir ao Congresso Nacional. “Nesta Casa, onde as leis são escritas, os brasileiros terão de ter acesso qualquer dia da semana, 24 horas por dia. É inaceitável que não seja assim, porque será”, prometeu o Senhor Diretas.
Acontece que na prática não é bem assim. O controle está cada vez mais rigoroso, sobretudo após os atos violentos de 8 de janeiro, mas também há uma considerável margem de má vontade. Nesta quarta-feira (14), em nome da “segurança do ambiente,” o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do MST, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), resolveu ser rigoroso no controle de quem entrava a saia na sala da CPI. Cada vez que ele sentia que o clima ia esquentando e os ânimos se acirrando, mandava a Polícia Legislativa limitar a entrada, permitindo o acesso apenas de parlamentares e seus assessores e os jornalistas credenciados.
“Cheguei cedo, não tinha quase ninguém aí dentro, mas mesmo assim a segurança me impediu de entrar”, reclamou uma militante social que se identificou como Dona Neusa, do acampamento Che Guevara, em Santo Antonio do Descoberto (GO). Do lado de dentro, o Tenente-Coronel Zucco alegava que a medida era para impedir “manifestações barulhentas”. “É um absurdo o que Vossa Excelência está fazendo. Isso aqui é a casa do povo. Sem povo, presidente, nós, nem o senhor nem ninguém, não estaríamos aqui”, protestou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
LÁGRIMAS DE LULA SE MISTURAM COM O PRANTO DE DANIELA DO WAGUINHO
“Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei o calmante, o excitante
E um bocado de gim” (Chico Buarque e Francis Hime)
Fãs de Chico Buarque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a até agora ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foram aos prantos depois de trocarem juradas de lealdade política eternas. “Ontem [terça-feira], quando o presidente recebeu a ministra Daniela, quando eles começaram a conversar, é até engraçado contar isso. As lágrimas descem dos olhos do presidente Lula pelo rosto e as lágrimas da Daniela descem pelo outro lado, pelo rosto.”
A romântica história de amor eterno foi contada por Waguinho, prefeito de Belford Roxo (RJ), marido de Daniela Carneiro. Na política na baixada fluminense ela é conhecida como Daniela do Waguinho. Segundo ele, a preocupação da família “não é e nunca foi por cargos”, mas sim “para contribuir com a governabilidade do presidente”. Dificilmente, Daniela acordará amanhã ministra do Turismo.
“LIVE” DE LULA É UM “CAFÉ COM O PRESIDENTE” REQUENTADO
A primeira transmissão ao vivo realizada pelo presidente Lula simplesmente “flopou” [gíria que significa fiasco e se refere a postagens com pouco alcance nas redes sociais]. Do ponto de vista da estética, o Palácio do Planalto tentou “vender” um Lula mais antenado, mais despojado e nesse quesito fracassou. Lula está cada vez mais analógico e ainda colocou um entrevistador, o jornalista Marcos Uchôa, para intermediar o diálogo do presidente com os internautas. Acabou distanciando Lula ainda mais do seu público. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) poderia muito bem levar em conta a máxima do poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994) “Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta”.
A ideia dos assessores do presidente era afastar da memória dos brasileiros as imagens das “lives” realizadas todas as quintas-feiras, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamadas de “tocas” no Planalto. A atual “live” de Lula mais parece o programa “Café com o Presidente” veiculado pelos canais do governo entre 2003 e 2010 com uma pequena diferença. A “live” atual é um café requentado. Tem muito o que melhorar.
DUEIRE VAI AO ITAMARATY POR HIDROGÊNIO VERDE
Fim de tarde, aquela névoa seca no ar de Brasília, típica dessa época de estiagem e baixa umidade, e lá vai o senador Fernando Dueire (MDB) rumo ao Ministério das Relações Exteriores. O político pernambucano tinha agenda com o ministro Mauro Vieira para tratar de investimentos de mais de R$ 10 bilhões que a União Europeia anunciou para as iniciativas da área no Brasil. O Itamaraty vai promover uma série de encontros de Dueire com o secretário de Energia, Clima e Meio Ambiente, embaixador André Corrêa do Lago, “com o objetivo de aprofundar o apoio da cooperação internacional ao tema considerando que o hidrogênio verde é o combustível do futuro por ser uma fonte energética renovável, inesgotável e não poluente” ressaltou o senador, integrante da Comissão Especial sobre Hidrogênio Verde do Senado Federal.
PF ORIENTA: NÃO COLOQUE DINHEIRO NA CUECA, RECLAMAÇÕES NO CONSELHO DE ÉTICA
Depois de seis anos em total estado de letargia, o Conselho de Ética do Senado saiu da moita e vai investigar senadores envolvidos em tramoias políticas e financeiras, como o pernambucano Chico Rodrigues (União Brasil-RR).
Na manhã de 14 de outubro de 2020, o mundo enfrentava uma das mais rigorosas epidemias, causada pela covid-19 e Boa Vista, em Roraima onde mora o senador, uma das mais elevadas temperaturas. Cerca de 27ºC. A Polícia Federal toca a campainha da casa do senador - à época filiado do DEM - e já com um mandado de busca e apreensão detem o político. Segundo relatório da PF, Chico Rodrigues estava com R$ 15 mil “no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas”, e mais R$ 18.150 “nas vestes íntimas”.
As investigações concluíram que Chico Rodrigues participou de uma esquema de superfaturamento na compra de equipamentos para o combate à covid-19. O senador se licenciou do mandato por 121 dias, retornou à Casa Legislativa como se nada tivesse acontecido e também não foi perguntado. Até que nesta quarta-feira, o Conselho de Ética instaurou processo para investigar a denúncia. “Fui dominado pelo pânico e pelo medo”, justifica o senador para esconder a dinheirama próxima às nádegas. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi sorteado relator.