Já são mais de 3,3 mil homicídios registrados em Pernambuco. Foto: JC Imagem/Arquivo
Como nova arma para tentar frear a violência recorde em Pernambuco, o Ministério Público e a Polícia Civil decidiram incentivar o recurso da delação premiada para identificar e prender integrantes de quadrilhas especializadas em tráfico de drogas e homicídios. O benefício, que pode inclusive o de perdão a determinados crimes, será concedido àqueles delatores que derem informações relevantes para as investigações.
Balanço da Secretaria de Defesa Social (SDS), divulgado nessa terça-feira (15), apontou que o Estado já registrou, oficialmente, 3.323 assassinatos nos sete primeiros meses deste ano.
O número supera o contabilizado ao longo de todo o ano de 2013, como antecipou o
Ronda JC na sexta-feira passada. Em julho, foram 447 mortes - 67 a mais que no mês anterior. Dos homicídios de julho, 32% tiveram relação com o tráfico de drogas, 19% foram acerto de contas e 18,5% foram resultantes de conflitos na comunidade ou proximidade, segundo a SDS.
Uma quadrilha formada por policiais militares, especializada em homicídios e tráfico de armas de fogo, com atuação em vários municípios de Pernambuco, inclusive na capital, foi desarticulada nessa terça-feira. As investigações apontaram que eles funcionavam como uma milícia privada. Segundo o Ministério Público, os acusados serão estimulados a fechar acordo de delação premiada - o que vai ajudar a identificar outros criminosos que fazem parte do grupo, além do modus operandi e apontar quem foram as vítimas deles.
O recurso ficou conhecido por conta da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Vários políticos e outros acusados de participação no esquema de lavagem de dinheiro e corrupção decidiram fazer a delação premiada e, por conta das informações, muitos conseguiram benefícios como a liberdade ou diminuição de pena.
BANCOS
O recurso da delação premiada também foi utilizado para
desarticular a quadrilha que explodiu e roubou a empresa de transporte de valores Brinks, na Zona Oeste do Recife. De acordo com a polícia, as investigações só avançaram porque um dos criminosos foi preso e negociou uma delação premiada - apontando detalhes do esquema e ajudando na identificação dos suspeitos. A polícia ainda conseguiu descobrir que o grupo financiava campanhas políticas. O Ministério Público afirmou que a ação da delação premiada foi inédita no Estado. Para a polícia, as informações repassadas foram tão relevantes que o delator merece o perdão pela participação no crime. Ele não foi indiciado e está em liberdade.
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