Aumento desenfreado da violência em Pernambuco expõe a crise do Pacto pela Vida. Foto: JC Imagem
Desde a noite do sábado (16), quando soube da notícia de que o jornalista Alexandre Farias havia sido vítima de bala perdida, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, me veio à mente a crise sem precedentes da segurança pública. Não existe mais dia, hora ou local. Área nobre ou periférica. Qualquer um - indiscutivelmente - pode ser a próxima vítima. Por mais que não se queira ser pessimista, essa é a sensação, óbvia, que passa na mente de cada pernambucano diante dos assombros casos de violência noticiados todas as horas pela imprensa. São quase 4 mil assassinatos em oito meses. Podemos chegar a quase 6 mil no final do ano. O mesmo Estado que em 2013 registrava metade disso. O Governo do Estado, por mais que fale em investimento na área, não faz o principal dever de casa: reconhecer que é preciso um novo programa de segurança. Disse uma vez aqui nesse espaço: é preciso deixar a política e o saudosismo de lado. O Pacto pela Vida deu certo por um momento. Investiu bem em repressão, prendeu criminosos e trouxe resultados. Mas parou no tempo. Esqueceu princípios básicos. A prevenção - que é o meio de se combater a violência a longo prazo - não foi bem planejada, não foi executada. Especialistas em segurança ouvidos nos últimos meses pela imprensa são unânimes: o Pacto pela Vida morreu. Não atinge mais os objetivos. Em síntese: em time que se ganha, não se mexe. E em time que se perde, o que se faz?
É inegável o esforço do governador Paulo Câmara em espremer os cofres públicos para aumentar o investimento na área da segurança. Mas, claramente, ele é mal assessorado no assunto. Reunião toda semana é importante, mas não é a solução. Concursos para ocupar vagas de profissionais que se aposentaram também não vão surtir o efeito desejado. Todos sabem disso. Na prática, vai amenizar um déficit. Há uma necessidade clara de novas ideias. Essa foi a receita adotada lá atrás, em 2007, para a criação do Pacto pela Vida. A sociedade participou. Metas foram estabelecidas e muitas foram cumpridas, por isso os números da violência caíram. Em meio a números devastadores da criminalidade, o governador Paulo Câmara precisa assumir um papel firme para convocar a criação de um novo plano de segurança pública com a participação de profissionais das mais diversas áreas. É mais que um apelo. É uma cobrança de toda a sociedade - amedrontada com tanta violência.
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