INVESTIGAÇÃO

Fragmento de granada pode ter atingido vítima que perdeu visão em ato no Recife, diz secretário

Em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (07), novo secretário de Defesa Social revelou novos detalhes do caso

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Raphael Guerra

Publicado em 07/06/2021 às 21:25 | Atualizado em 07/06/2021 às 23:04
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O novo secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, afirmou, nesta segunda-feira (07), que ainda não há confirmação de que o adesivador Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, foi atingido por bala de borracha no olho esquerdo. Segundo ele, há possibilidade de ter sido fragmento de granada usada pela Polícia Militar para dispersar os manifestantes do ato contra o governo Bolsonaro, na área central do Recife, no último dia 29 de maio

"Nós temos aquela ação, na Rua do Sol. Ali pode ter sido um fragmento de granada, pode ter sido um disparo de elastômero (bala de borracha). Isso está sendo verificado. Primeiro se define isso e, a partir do que causou aquela lesão, se fazer a dinâmica reversa e entender ou identificar de onde partiu aquele fato específico, ou munição que causou aquele dano", declarou, em coletiva de imprensa. 

Desde o início, a informação divulgada foi a de que o adesivador havia sido atingido por bala de borracha. Ação similar ao que aconteceu com Jonas Correia de França, que passava de bicicleta no momento da ação da PM na Ponte Santa Isabel. Neste último caso, no entanto, a imagem é nítida da ação do policial.

O secretário declarou que "há protocolos rígidos e aquela ação está sendo apurada, pois foi um fato lamentável e que teve consequências gravíssimas".

"A princípio, o que parece é que o protocolo estabelecido para esse tipo de ação não foi respeitado. Mas isso tem que ser revelado não por achismo, não por acredito. Tem que ser revelado com provas e colocado em investigações. Esse policial já foi afastado."

SOBE NÚMERO DE POLICIAIS AFASTADOS

Aumentou para 16 o número de policiais militares afastados das atividades após a ação violenta durante umprotesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Centro do Recife, no dia 29 de maio. A informação foi divulgada pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), nanoitedesta segunda-feira (7), em entrevista coletiva.

"Já temos 16 policiais afastados. Doze já foram ouvidos. Durante toda essa semana diversos outros depoimentos estão programados, tanto na Corregedoria (da SDS), como no âmbito das outras investigações, que fazem parte do inquérito policial e inquérito policial militar", afirmou o novo secretário de Defesa Social, Humberto Freire. Dos dezesseis, três são oficiais da PM e 13 são praças.

Sobre as perícias do caso, Freire afirmou que nenhuma foi solicitada pela Corregedoria. Mas poderá ser no âmbito da investigação criminal da Polícia Civil. Ele lembrou, no entanto, que se tratam de inquéritos que estão sob sigilo.

MONITORAMENTO DA AÇÃO

O secretário relatou que às 10h da manhã começou a reunião no Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) para monitoramento das ações do dia - entre elas o primeiro fim de semana com medidas mais rígidas contra a covid-19 no Grande Recife e Zona da Mata do Estado.

Sobre o acompanhamento da ação violenta da PM, Humberto Freire afirmou que no começo do confronto, quando os manifestantes passavam pela Rua do Sol, não foi possível assistir na CICCR. Isso porque, segundo ele, aquelas câmeras são da CTTU. "Nós temos convênio com a CTTU, mas só pela central de videomonitoramento é possível ver. Mas a nossa sala de crise não.

"Por volta das 11h40, o secretário disse que chegaram as primeiras imagens sobre a ação da PM para dispersar a manifestação. "A gente passa a monitorar, recebendo informações. Determina que as imagens sejam extraídas das câmeras da CTTU para que a gente pudesse preservar e analisar. Chega a fotografia de que está havendo negociação com advogados, começam a chegar imagens das mídias, lançamento de pedras, disparos do efetivo, com todas as informações que vão chegando."

 

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