INVESTIGAÇÃO

Após 4 meses, polícia não esclareceu quem matou a menina Heloysa em Porto de Galinhas

Criança de 6 anos estavam brincando no momento em que foi baleada no peito durante uma perseguição policial

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 26/07/2022 às 8:00 | Atualizado em 28/07/2022 às 19:52
ACERVO PESSOAL
VIDA PERDIDA Heloysa Gabrielle, de 6 anos, brincava no momento em que foi atingida por uma bala perdida na comunidade de Salinas - FOTO: ACERVO PESSOAL
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Às vésperas de completar quatro meses, no próximo sábado (30), a Polícia Civil ainda não esclareceu quem atirou e matou a menina Heloysa Gabrielle, de 6 anos, durante uma perseguição policial na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco.

Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) relataram, na época, que estavam perseguindo dois suspeitos que estavam em uma moto e que teria ocorrido uma troca de tiros. Nas imagens de câmeras de segurança, divulgadas pela imprensa, só é visto um único homem seguindo de moto.

A versão de testemunhas diverge do relato dos policiais envolvidos na ação. Elas contaram que não houve troca de tiros e que apenas os policiais atiraram.

Uma reprodução simulada foi realizada para ajudar nas investigações sobre a morte de Heloysa, mas a polícia não divulgou, até hoje, o resultado dela. 

A morte de Heloysa ocorreu em 30 de março de 2022 e resultou em protestos, fechamento do comércio e medo em Porto de Galinhas. Foi preciso reforço de centenas de policiais para que a situação na praia ficasse mais tranquila.

Em 26 de maio deste ano, outro fato chamou a atenção. Policiais do Bope mataram o suspeito que estaria sendo perseguido no momento da morte de Heloysa.

De acordo com a versão apresentada pela Polícia Militar, Manoel Aurélio do Nascimento Filho e mais dois homens estavam em um carro e iriam realizar um atentado contra um detento do Presídio de Igarassu, que seria liberado. Por isso, uma equipe do Bope teria ido ao local para evitar o crime. Na suposta troca de tiros, o suspeito foi morto.

A conduta dos policiais militares, nas duas ações, também está sendo investigada pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), mas ainda não houve uma conclusão.

VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A violência armada contra crianças e adolescentes cresceu no Grande Recife no primeiro semestre de 2022. Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que pelo menos 78 vítimas foram baleadas. Desse total de registros, duas crianças e 43 adolescentes morreram.

Segundo as estatísticas do Fogo Cruzado, quatro crianças e 49 adolescentes foram baleados (36 garotos e garotas entre 12 e 17 anos morreram) no primeiro semestre de 2021.

Em comparação com aquele semestre, este ano houve aumento de 50% na quantidade de crianças baleadas, e de 47% nos adolescentes baleados.

HOMICÍDIOS EM PERNAMBUCO

Pernambuco acabou o primeiro semestre de 2022 com aumento de 10,7% no número de homicídios. Ao todo, de 1º de janeiro a 30 de junho, 1.858 pessoas perderam a vida de forma violenta. Ao mesmo período de 2021, o número foi de 1.679 registros. As estatísticas foram divulgadas pela SDS.

Somente no último mês de junho, 273 assassinatos foram somados pela polícia. Um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a polícia contabilizou 254 mortes.

Isso significa que em todos os meses de 2022 houve aumento dos homicídios. A média diária foide pelo menos dez mortes por dia. Vale lembrar que o programa Pacto pela Vida prevê uma redução de 12% no número de homicídios.

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