A prisão do médico anestesista que estuprou uma paciente durante o trabalho de parto, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (11), é mais um caso absurdo que envolve crimes sexuais em unidades de saúde. No Recife, há quatro anos, um médico também foi preso após uma paciente denunciar que foi abusada durante uma consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul.
Condenado a 12 anos e dez meses de prisão em 2019, Kid Nélio Souza de Melo já conseguiu a progressão de pena - autorizada pela Justiça. Atualmente o médico está em regime semiaberto, cumprindo no Rio Grande do Norte (sua terra natal). Ele responde a mais quatro processos por crimes sexuais contra pacientes em Pernambuco, segundo a defesa dele.
A primeira queixa contra o médico ortopedista e traumatologista ocorreu em 21 de fevereiro de 2018. A paciente de 18 anos disse ter ido à UPA após levar uma queda. O abuso teria sido praticado pelo médico após a mulher apresentá-lo os exames de raio-x. No mesmo dia, ela esteve na delegacia para denunciar o estupro.
Após a primeira vítima denunciar o caso à polícia e o episódio ser divulgado pela imprensa, várias mulheres procuraram a delegacia para prestar queixa contra o acusado.
No dia em que foi preso, o acusado afirmou, em depoimento à polícia, que teve relação sexual consentida com duas pacientes. Também negou que tenha estuprado as outras mulheres que o denunciaram. Além dos processos por crimes sexuais, o médico também respondia na processos na Justiça por supostos erros médicos.
O advogado de Kid Nélio, Sanderson Rodrigues, informou que foi apresentado recurso contra a condenação do médico. Mas ainda aguarda o resultado em segunda instância no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
Na época em que o caso veio à tona, a Polícia Civil de Pernambuco instaurou 11 inquéritos para apurar supostos crimes sexuais praticados pelo médico - alguns dos casos registrados em hospitais particulares do Recife. Ele virou réu em quatro processos, além daquele em que já foi condenado.
Em geral, o médico foi acusado de cometer o crime de violação sexual mediante fraude, quando o abuso é praticado por meios que impeçam ou dificultem a vítima de se defender.