Diante da confirmação de dois casos importados do novo coronavírus em Pernambuco, o secretário Estadual de Saúde, André Longo, reforça que a população não entre em pânico, pois medidas estão sendo adotadas pelas autoridades sanitárias. Em conversa com os jornalistas Cinthya Leite, Felipe Vieira e Wagner Gomes, ele garantiu que o Estado se prepara para aumentar o volume de leitos de UTIs.
JC – Qual o cenário do coronavírus em Pernambuco atualmente?
ANDRÉ LONGO – Não é o primeiro vírus que enfrentamos. Neste momento, estamos fazendo uma revisão daquilo que ocorreu no Estado, em 2009, quando aconteceu a pandemia de H1N1. Estamos vendo o comportamento mês a mês daquela pandemia em Pernambuco. Temos, então, a experiência nas áreas de vigilância e assistência em outras epidemias. Contamos com bons técnicos, profissionais, infectologistas. Precisamos agora que a população compreenda que estamos trabalhando para o enfrentamento (do novo coronavírus) de forma adequada.
JC – Diante do status de pandemia e da confirmação de casos importados de Covid-19 em Pernambuco, muda alguma orientação sobre as condutas que a população deve ter para procurar assistência médica?
ANDRÉ LONGO – Precisamos diferenciar os quadros gripais com febre e sintoma respiratório, como coriza e tosse, apresentados pelas pessoas que viajaram nos últimos 14 dias ao exterior. Para elas, mesmo com sintomas mais leves, ainda estamos recomendando que procure unidades de pronto-atendimento para que possa ser feita a coleta de amostras, pois permanecemos na fase de contenção do vírus. Pessoas que se enquadram (nessa situação), mesmo com sinais brandos, devem procurar assistência, além daquelas que tiveram contato também com casos suspeitos ou confirmados. Essa é uma característica diferente da população em geral que manifesta sintomas gripais leves e não viajaram para o exterior. Para essas pessoas, a vida é normal, como sempre foi. Não precisa procurar os serviços de urgência. É preciso ficar atento a sinais de alerta que sugerem que uma gripe não está cursando bem: febre que se prolonga por mais tempo, que não responde a antitérmicos que se usa, além de falta de ar.
JC – Começa em breve um período de circulação mais intensa de vírus respiratórios, como influenza, que coincide com a atual pandemia. Muitas pessoas poderão precisar de acompanhamento em unidade de terapia intensiva (UTI) nos próximos meses. O senhor acredita que há leitos de UTI para um provável aumento de pessoas com agravamento da doença em Pernambuco?
ANDRÉ LONGO – Precisamos pensar numa perspectiva de um cenário mais negativo para frente. Vamos trabalhar a mitigação de casos e, dessa maneira, necessitamos de uma preparação para ampliar a quantidade de leitos. Já tomamos as medidas de aumento no número de profissionais de saúde, equipamentos também estão sendo disponibilizados para ampliar o número de leitos de UTIs e de enfermaria. Já está garantida, no Huoc, a ampliação de dez leitos. Estamos no aguardo do Ministério da Saúde, que disponibilizará dois mil leitos para o Brasil. Estamos ainda trabalhando para que possamos comprar leitos da rede privada com recursos do Tesouro estadual e do montante que possa ser liberado pelo governo federal para o enfrentamento dessa situação nos próximos quatro meses.