Com três mortes confirmadas pelo novo coronavírus e 48 casos confirmados da doença, Pernambuco desponta atualmente no mapa nacional de covid-19 como o Estado com maior letalidade no Brasil (6,2%), segundo análise feita a partir da classificação dos casos por Unidade da Federação de notificação feita pelo Ministério da Saúde (MS). Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (26), durante a coletiva de imprensa online do órgão federal, e revelam a relação entre mortos e confirmações do novo coronavírus. É um percentual relevante, pois permite avaliar a gravidade de uma doença num local onde ocorre.
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A questão é que, no caso desta pandemia, a letalidade nem sempre é uma medida precisa porque há casos que não estão detectados porque geram sintomas leves e, pelo protocolo do MS, não são prioritariamente testados. Se fossem contabilizados, assim como vem sendo feito com os casos graves, a letalidade poderia ser menor.
Depois de Pernambuco (6,2% de letalidade por covid-19, contra 5,2% considerando todos os tipos de gripe), vem o Estado de São Paulo (58 mortes e 1.052 confirmações, com 5,5% de letalidade por covid-19). Considerando todo o território brasileiro, esse coeficiente é de 2,7%, percentual que representa a relação entre os 77 óbitos no País e a soma de 2.915 de adoecimento por covid-19 em todas as Unidades da Federação. Agora todos os Estados, incluindo o Distrito Federal, têm casos confirmados do novo coronavírus. As mortes foram registradas no Amazonas (1), no Ceará (3), em Pernambuco (3), no Rio de Janeiro (9), em São Paulo (58), em Goiás (1), em Santa Catarina (1) e no Rio Grande do Sul (1).
Em Pernambuco, que anunciou o segundo e o terceiro óbitos nesta quinta-feira (26), todas as vítimas fazem parte do grupo mais vulnerável a complicações decorrentes da infecção. “Os três casos preenchem os critérios de gravidade para a doença, pois tinham idade avançada e doenças crônicas (preexistentes) que tendem a agravar o quadro clínico de covid-19”, disse, em coletiva de imprensa, o chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Demetrius Montenegro.
O primeiro óbito, que ocorreu na quarta-feira (25), foi de um idoso de 85 anos, sem histórico de viagem, e morador de Areias, bairro da Zona Oeste do Recife. Entre os dois que morreram na madrugada desta quinta (26), está o canadense de 79 anos, que chegou ao Recife no dia 12 deste mês, no navio de cruzeiro Silver Shadow – que, inclusive, deixou nesta tarde o Porto do Recife. A embarcação ficou atracada e em quarentena por 14 dias, devido aos casos confirmados de covid-19 (o canadense e a esposa – ela está em boas condições de saúde). O estrangeiro era ex-fumante e tinha problema cardíaco. Estava internado no Real Hospital Português (RHP), onde foi entubado e levado à unidade de terapia intensiva (UTI). Ele foi mantido em ventilação mecânica e passou por hemodiálise, além de fazer uso de medicamentos, mas não resistiu à infecção.
O outro paciente que foi a óbito, nesta madrugada, tinha 69 anos, morava no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, era hipertenso, tinha histórico de viagem para Portugal e Itália. Assim como o canadense, ele também estava no RHP, onde apresentou uma piora da função renal na quarta-feira (25).