Um bebê de apenas cinco meses, residente em Água Belas, município do Agreste de Pernambuco, não resistiu às complicações decorrentes da covid-19 e morreu no último dia 31 de maio. O caso foi divulgado, nesta terça-feira (2), em boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Ele é uma das 18 crianças menores de 10 anos no Estado que foram a óbito devido à infecção pelo novo coronavírus. Desse total, dez foram bebês com menos de 1 ano de idade, segundo informou a SES.
No dia 17 maio, o boletim epidemiológico também registrou a morte de um bebê de 2 meses devido ao agravamento da covid-19. Antes disso, no dia 14 daquele mesmo mês, a SES confirmou o óbito de um menino de 7 meses, residente de Recife, que tinha o diagnóstico de leucemia. No dia 12, o boletim trouxe a confirmação do caso de uma menina recém-nascida, que também perdeu a vida para a doença.
Em abril, dia 13, foi também a óbito, devido ao agravamento da covid-19, um bebê de 7 meses, com síndrome de Down, hipertensão pulmonar e cardiopatia congênita.
Além desses casos, chamam a atenção dos especialistas, entre as dez mortes pelo coronavírus abaixo de 1 ano de idade, dois registros de natimortos (um no Recife e outro em Pesquisa, Agreste do Estado) que tiveram diagnóstico positivo para a infecção. São situações que jogam luz para uma questão que tem sido estudada em todo mundo: a possibilidade da transmissão da covid-19 para o bebê durante a gestação ou o parto. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou, na último semana, documento que ratifica: até o momento, não há comprovação irrefutável de transmissão vertical (da mãe doente para o bebê) durante a gestação ou pela amamentação.
Os casos de óbito em crianças por covid-19, especialmente aquelas que não chegaram a completar o primeiro ano de vida, intrigam os especialistas, que acompanhavam relatos de pouca agressividade do novo coronavírus nessa faixa etária quando a China despontou com as primeiras ocorrências da infecção, ainda em janeiro. À medida em que a epidemia se expandiu para outros países, os casos em crianças e adolescentes começaram a aparecer – alguns, inclusive, numa forma mais grave, especialmente na presença de doenças preexistentes.
Boletim do Ministério da Saúde, divulgado na sexta-feira (29), mostrou que Pernambuco é a terceira unidade federativa (atrás do Rio de Janeiro e São Paulo) que mais registrou casos graves de covid-19 em crianças e adolescentes. No Estado, segundo a SES, foram confirmados, até ontem, 340 casos graves de covid-19 até os 19 anos. Desses, 26 foram a óbito. Outros 1.025 casos, nessa mesma faixa etária, adoeceram com sintomas leves da doença. Se considerarmos a proporção de doentes até os 19 anos que vão a óbito em relação aos casos confirmados (incluindo leves e graves), a letalidade é de 1,9% nessa faixa etária – ainda menor do que a taxa média de todo o Estado, que chega hoje a 8,2%.