Depois de vivenciar uma alta de chamados em maio, mês em que o Recife alcançou o pico da curva epidêmica do novo coronavírus, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano do Recife registra queda de 66% na assistência a casos suspeitos de covid-19. Há dois meses, a média semanal foi de 377 atendimentos – número que caiu para 127 nas duas primeiras semanas deste mês.
Entre o dia 25 de fevereiro (data do primeiro caso no Recife com sintomas sugestivos da doença e que teve acolhimento inicial pelo Samu) e a última segunda-feira (20), o serviço registrou 9.274 ocorrências por causas respiratórias, que geraram 4.168 atendimentos a pessoas com suspeita da infecção.
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Nesse período, o Samu se mobilizou para dar conta das milhares de ligações que chegam à central – quase metade delas, em maio, representou um pedido de ajuda para pessoas com sintomas de covid-19. Em aproximadamente cinco meses, o trabalho do Samu se tornou um dos termômetros que ajudam a gestão municipal a monitorar a epidemia. O serviço tem funcionado como o socorro inicial para pacientes que precisam ser transportados de casa ou da rua para policlínicas ou hospitais.
Paralelamente à estabilização da curva do novo coronavírus no Recife, a equipe do Samu tem vivido a nova normalidade com a queda no número de ligações por problemas respiratórios. “Esse é mais um indicador que a gente mede permanentemente para acompanhar a evolução da doença aqui no Recife”, destacou ontem o prefeito Geraldo Julio.
A redução é expressiva, mas ainda é maior do que os números contabilizados antes da pandemia – no ano passado, o registro do Samu era de apenas três a cinco ocorrências relativas a sintomas respiratórios por dia. “O Samu presta um serviço importante à população e tem sido ainda mais essencial nesta pandemia”, acrescentou o prefeito.
Em maio, o Samu chegou a mobilizar as ambulâncias 80 vezes, em um dia, para prestar assistência a pessoas com problemas respiratórios. Em junho, esse número caiu para cerca de 30. Também em maio, as unidades de terapia intensiva (UTI) móveis foram acionadas cerca de 20 vezes por dia. Hoje, esse número está abaixo de cinco.
Para responder à demanda das ligações, o Samu reorganizou as equipes, que ganharam reforço. Antes da pandemia, o serviço tinha cerca de 600 profissionais. Outros 200 foram contratados emergencialmente, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores socorristas e funcionários do setor administrativo. O Samu Recife ainda lançou mão de plantões extraordinários para ampliar o serviço e implantar novas atividades, a fim de salvar vidas.
A frota de veículos também foi expandida durante a epidemia e hoje conta com 30 ambulâncias para atender as ocorrências no Recife, das quais 24 são unidades de suporte básico e seis são UTIs móveis. O trabalho das equipes ainda inclui o transporte de pacientes entre unidades de saúde. As ambulâncias têm levado pacientes de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e policlínicas para leitos de enfermaria de hospitais.
“Pela nossa missão, não poderíamos ficar de fora do enfrentamento à covid-19. Sempre estivemos contra o tempo e o inesperado; agora estamos contra o invisível”, frisa o cirurgião-geral e urologista Leonardo Gomes, diretor-geral do Samu Recife.
Redução é expressiva, mas ainda é maior que os números antes da pandemia. "Por quatro mil vezes, no decorrer de toda a epidemia, equipes do Samu foram atender pessoas em suas casas ou vias públicas, em decorrência de causas respiratórias”, destaca o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.
"Falamos em estabilidade e, às vezes, em queda. Mas falar em controle absoluto só quando houver erradicação do vírus ou imunidade suficiente da população”, salienta o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.