Pandemia

Recife está há 72h sem registrar mortes por covid-19, mas sanitarista reforça: 'não é hora de relaxar medidas de proteção'

De acordo com a especialista, máscara, álcool são necessários e falar em Carnaval é precoce

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Cássio Oliveira, Cinthya Leite, Vanessa Moura

Publicado em 06/10/2021 às 19:43 | Atualizado em 07/10/2021 às 10:29
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Atualizada às 10h25 de 07/10.

Nesta quarta-feira (6), o Recife havia anunciado estar há três dias sem registro de morte por covid-19. De acordo com a prefeitura, a cidade não havia confirmado mortes em decorrência da doença nos dias 3, 4 e 5 de outubro. Na noite da quarta-feira (6), no entanto, a secretaria de saúde informou, em boletim epidemiológico, que uma morte havia sido confirmada no dia 5. 

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De acordo com a pasta, a correção na informação acontece porque os dados da covid-19 estão sempre passíveis de atualização mediante novas confirmações epidemiológicas. Agora, apenas os dias 3 e 4 estão com zero registros de óbitos. 

O município apresentou queda de 84,4% no número de óbitos pela doença e 73,1% no número de casos confirmados de srag. Mas, mesmo em meio a este cenário, não é o momento de relaxar com as medidas de proteção ao coronavírus. A avaliação é da médica sanitarista Tereza Lyra, pesquisadora da Fiocruz Pernambuco.

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O município também apresentou queda de 84,4% no número de óbitos pela doença e 73,1% no número de casos confirmados de srag.

"É algo para se comemorar, mas não vamos arrefecer os cuidados, precisamos evitar grandes aglomerações, precisamos continuar usando máscara, manter a higiene, precisamos que o dado se mantenha para podermos olhar melhor a transmissão e analisar que o vírus não está circulando tanto", comentou a pesquisadora.

Segundo Tereza, em meio ao desgaste vem o relaxamento. "Todo mundo está esgotado e o esgotamento leva ao relaxamento, mas não é momento. É preciso estabilidade dos dados para começar a relaxar um pouco. O dado dos três dias é positivo, mas precisa se manter por mais tempo para dizer que o vírus já circula menos", disse. "Fico assustada, pois se fala até em Carnaval. Isso é precoce", completou. 

Os dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Recife comparam o período de 3 a 16 de janeiro (semanas epidemiológicas 1 e 2), datas anteriores ao início da vacinação contra covid-19 na capital, com o intervalo de 12 a 25 de setembro (semanas epidemiológicas 37 e 38). Os dados de óbitos de idosos por srag apresentaram expressiva redução. As mortes de pessoas na faixa etária de 70 e 79 anos, por exemplo, tiveram uma diminuição de 93,9%. Nos dados de janeiro, foram registrados 33 óbitos; em setembro, houve a notificação de duas mortes. O número de óbitos ainda pode sofrer alterações, devido à qualificação dos bancos de dados. 

Em relação ao número de casos confirmados de srag, a faixa etária de adultos entre 30 e 39 anos, apresentou uma queda de 82,4%. Nas semanas epidemiológicas 1 e 2, foram registrados 17 casos nesta faixa etária, já nas semanas epidemiológicas 37 e 38, houve a notificação de três confirmações desse tipo.

“Esses números são reflexo do trabalho e dedicação da prefeitura no enfrentamento da pandemia no Recife. Por isso, esses dados nos deixam esperançosos em relação ao controle da doença. Mas, ainda assim, não podemos descuidar das medidas de proteção, pois o vírus continua em circulação. Somado a isso, pedimos também que a população não deixe de tomar a vacina contra covid-19, complete o esquema vacinal, porque só assim temos a garantia da eficácia do imunizante”, destaca a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque. 

Vacina todos os dias 

Desde o início da operação do Plano Recife Vacina, em 19 de janeiro, a capital pernambucana não parou de vacinar a população um só dia. Até o momento, foram aplicadas 1.281.649 doses dos imunizantes. Desse total, 1.245.292 foram de primeira dose ou dose única, o que significa dizer que 81,18% da população do Recife já receberam ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus. Já 47,43% dos recifenses estão imunizados completamente - 723.678 pessoas receberam as duas doses das vacinas. 

A médica Tereza destaca que os dados estão ligados à vacinação, mas reforça que o Brasil teria um cenário melhor se tivesse começado a vacinar contra a covid logo quando as vacinas estavam disponíveis. "infelizmente, não houve uma compra precoce de vacinas", comentou.

Essa modificação no contexto da doença na cidade permitiu que a Prefeitura do Recife desmobilizasse os leitos de UTI e enfermaria exclusivos para o tratamento de pacientes com covid-19. No último dia 30, foram fechados os últimos leitos deste tipo, que funcionavam no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI). Atualmente, a PCR conta apenas com leitos de observação e sala vermelha. Entre os meses de julho e agosto de 2020, a capital chegou a ter 342 leitos de terapia intensiva. Em junho do mesmo ano, eram 674 de enfermaria.

 

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