Neste sábado (29), a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) confirmou o maior número diário de infecções pelo coronavírus ao longo de toda pandemia. Foram 6.581 casos de pessoas com covid-19. Entre eles, 715 fazem parte da faixa pediátrica, até os 19 anos, segundo análise feita pela reportagem do JC com base nos boletins epidemiológicos. Desse total, três apresentaram a forma severa da doença: a síndrome respiratória aguda grave (srag). Os demais (712 crianças e adolescentes) apresentaram sintomas leves da covid-19.
Esse grupo etário representa 11% do total de casos confirmados neste sábado. Há dez meses, em 29 de março de 2021, mês em que Pernambuco enfrentava a segunda onda da pandemia, que ganhou força com a variante gama, essa faixa etária correspondia a 7% do total de adoecimentos pelo coronavírus. Além disso, ao longo de toda a pandemia de covid-19, 124 crianças e adolescentes perderam a vida, no Estado, em decorrência de complicações da doença.
Os dados de infecção na população infantojuvenil chamam a atenção num momento em que, com a alta da variante ômicron (mais transmissível do que variantes anteriores), boa parte dessa faixa etária ainda se encontra não vacinada. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a menor gravidade da covid-19 em crianças, quando comparada com adultos, fez com que infelizmente houvesse uma subestimação da real carga da doença na infância.
Os estudos com a vacina pediátrica da Pfizer e a CoronaVac demonstraram que a doença e suas complicações são passíveis de prevenção, inclusive em adolescentes e crianças. "Aumentar o universo de vacinados oferece, além da proteção direta da vacina, possibilidade de redução das taxas de transmissão do vírus e das oportunidades de surgimento de variantes", diz a SBP, em recente documento científico sobre a importância das vacinas contra covid-19 em crianças para a saúde pública brasileira.
Para a entidade médica, que representa os pediatras do País, doenças como gripe, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite A e meningite meningocócica faziam menos vítimas, ao longo de um ano, do que a covid-19 em pediatria. "E não hesitamos em incorporar, em programas de saúde pública, vacinas para a prevenção dessas doenças e de suas complicações. Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde e ocupação de leitos em UTI (terapia intensiva), entre outros. Existem justificativas éticas, epidemiológicas, sanitárias e de saúde pública para a vacinação da população pediátrica."