Nos últimos 15 dias, o número de casos leves de covid-19 confirmados mais que dobrou no Recife, saindo de 347 confirmações na semana de 15 a 21 de maio para 782 testes positivos entre os dias 29 de maio e 4 de junho. Os dados estão no boletim epidemiológico do coronavírus da Secretaria Municipal de Saúde, que agora é divulgado uma vez por semana, sempre às segundas-feiras, e não mais diariamente.
Com esse avanço no volume de infecções (782 casos leves na última semana), o Recife volta a patamares de confirmações (casos leves) similares ao fim de março e início de abril. O total ainda é bem inferior ao que foi registrado durante a onda provocada pela variante ômicron, entre o fim de dezembro de 2021 e janeiro deste ano. Para se ter ideia do impacto dessa cepa, a primeira semana de 2022 acumulou 2.389 casos leves de covid-19, e a quinta semana (fim de janeiro) culminou com mais de 16 mil confirmações da infecção - também de casos sem agravamento.
Apesar de o cenário epidemiológico atual se manter distante do volume de casos concentrado no auge da ômicron, o avanço (com base nos dados oficiais, aqueles que estão nos boletins) que se vê atualmente deve acender um alerta para as autoridades, gestores, profissionais de saúde e população.
O primeiro ponto é os números que hoje são contabilizados refletem uma parte do que se consegue fazer notificação, pois não levam em consideração os resultados de autotestes de covid-19 - modalidade de testagem iniciada no Brasil em fevereiro, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o primeiro registro.
Ou seja, apesar de os kits de autoteste serem instrumentos importantes para o diagnóstico, eles levantam dúvidas sobre a subnotificação de covid-19. Afinal, o País precisou adotar esse tipo de testagem numa fase em que muito se pressionava por exames, já que não se conseguia acolher toda a demanda pelos exames.
Outro ponto que se deve considerar é que, em meio a um aumento de pessoas com sintomas respiratórios e à estagnação da vacinação contra covid (especialmente em relação à terceira dose), há quem erroneamente opte por não fazer o teste, mesmo com quadro gripal leve (coriza, dor de garganta e congestão nasal, por exemplo). Infelizmente a falsa sensação de que a pandemia acabou tem contribuído para comportamentos desse tipo.
Juntos, todos esses fatores (autoteste, subnotificação, recusa à necessidade da testagem) apontam que o total de novos adoecimentos pelo coronavírus tende a ser maior do que as estatísticas oficiais mostram. Esse é um grande problema atual porque pode afetar a tomada de decisão dos gestores e favorecer ainda mais o enganoso sentimento de que a covid acabou.
Aumento de casos de covid-19 em Pernambuco
Na última semana epidemiológica, que contempla o período de 29 de maio a 4 de junho, Pernambuco confirmou 4.158 casos leves de covid-19, um aumento de 3,84% em comparação com a semana anterior, de 22 a 28 de maio, e de 171,4% em relação ao período de quinze dias atrás, de 15 a 21 de maio.
Na segunda-feira (6), em entrevista à Rádio Jornal, o secretário Estadual de Saúde, André Longo, reconheceu a subida nas confirmações em Pernambuco e ressalta que esse incremento tem sido acompanhado pela gestão.
"Temos observado um aumento na positividade dos testes de covid 19 no Estado, ainda em patamares de controle, abaixo de 5% (de positividade) nos testes de RT-PCR. É especialmente um crescimento de casos leves", disse Longo. "A vacina felizmente tem protegido (a população) da ocorrência de casos graves e óbitos. Eles ocorrem, mas com maior frequência nas pessoas que não se vacinaram ou não tomaram o reforço na data oportuna, que é quatro meses depois de ter tomado as doses anteriores."
O secretário apela para os idosos e imunocomprometidos não deixarem de tomar as doses de reforço, essenciais para evitar complicações e mortes pelo coronavírus.
"Nós estamos observando em detalhes todos estes números (de aumento dos casos leves da covid-19). Ainda vamos nos reunir esta semana para fazer uma análise mais aprofundada dos dados da semana que passou, a de número 22 (29 de maio a 4 de junho). E estamos observando realmente esse aumento no número de casos leves, e isso obviamente exige que as pessoas tenham alguns cuidados", acrescentou André Longo.