A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou esta semana um relatório em que destaca a primeira lista de fungos “patógenos prioritários” – um catálogo dos 19 fungos que representam a maior ameaça à saúde pública.
(CONFIRA A LISTA DOS 4 MAIS PREOCUPANTES AO LONGO DESTA MATÉRIA)
Os fungos perigosos (ou superfungos) são uma grande ameaça à saúde pública porque estão se tornando cada vez mais comuns e resistentes ao tratamento com apenas quatro classes de medicamentos antifúngicos atualmente disponíveis.
A lista de superfungos prioritários da OMS é dividida em três categorias: prioridade crítica, alta e média.
Os patógenos fúngicos de cada categoria prioritária são classificados dessa maneira principalmente devido ao impacto na saúde pública e/ou risco emergente de resistência antifúngica.
Provoca a infecção criptococose. O Cryptococcus neoformans ocorre principalmente no solo que está contaminado com fezes de pássaros, como pombos. Ele é encontrado no mundo todo.
É um superfungo resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares.
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Por isso, ele é um dos que mais ameaçam a saúde pública no mundo.
No Recife, em janeiro deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um alerta de risco para informar sobre o terceiro surto de Candida auris no Brasil.
O caso foi registrado no Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife.
Causa aspergilose, que é uma doença infecciosa oportunista que surge quando o fungo filamentoso do gênero Aspergillus entra no organismo humano por meio da inalação de esporos por indivíduos com imunidade reduzida.
A aspergilose é causada por um fungo filamentoso e saprófito, do gênero Aspergillus, com destaque para a espécie patogênica Aspergillus fumigatus, responsável pela ocorrência de cerca de 90% dos casos.
Causa a candidíase sistêmica, que é uma infecção invasiva do sangue. É uma condição grave, que tem sido diagnosticada com frequência em unidades de terapia intensiva, devido ao aumento do número de pacientes imunocomprometidos e aqueles com graves doenças de base. A Candida albicans, por exemplo, predomina no mundo todo e pode ser responsável por até 70% dos casos de candidíase sistêmica.
As formas invasivas dessas infecções fúngicas geralmente afetam pacientes gravemente doentes e aqueles com condições subjacentes significativas relacionadas ao sistema imunológico.
As populações com maior risco de infecções fúngicas invasivas incluem pacientes com câncer, HIV/aids, pessoas que passaram por transplantes de órgãos, pacientes com doenças respiratórias crônicas e infecção pós-primária por tuberculose.
Evidências emergentes indicam que a incidência e o alcance geográfico de doenças fúngicas estão se expandindo em todo o mundo devido ao aquecimento global e ao aumento de viagens e comércio internacional.
Durante a pandemia de covid-19, a incidência relatada de infecções fúngicas invasivas aumentou significativamente entre os pacientes hospitalizados.
À medida que os fungos que causam infecções comuns (como candidíase oral e vaginal) se tornam cada vez mais resistentes ao tratamento, os riscos para o desenvolvimento de formas mais invasivas de infecções na população em geral também aumentam.
A maioria dos patógenos fúngicos carece de diagnósticos rápidos e sensíveis. E mais: os que existem não estão amplamente disponíveis ou acessíveis globalmente.
A lista de superfungos da OMS é o primeiro esforço global para priorizar sistematicamente os patógenos fúngicos, considerando as necessidades não atendidas de pesquisa e desenvolvimento, além da importância percebida para a saúde pública.
Com a lista, o objetivo da OMS é focar e conduzir mais pesquisas e intervenções políticas para fortalecer a resposta global a infecções fúngicas e resistência a antifúngicos.
"Emergindo das sombras da pandemia de resistência bacteriana aos antimicrobianos, as infecções fúngicas estão crescendo e são cada vez mais resistentes aos tratamentos, tornando-se uma preocupação de saúde pública em todo o mundo", disse o diretor-geral assistente da OMS para resistência antimicrobiana (AMR), Hanan Balkhy.
Apesar da crescente preocupação, as infecções fúngicas recebem pouquíssima atenção e recursos, levando a uma escassez de dados de qualidade sobre a distribuição de doenças fúngicas e padrões de resistência a antifúngicos.
Como resultado, a carga exata de doenças fúngicas e resistência a antifúngicos são desconhecidas e, portanto, a resposta é prejudicada.
WHO: https://www.who.int/news/item/25-10-2022-who-releases-first-ever-list-of-health-threatening-fungi. Acesso em 27/10/2022
Manual MSD: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-f%C3%BAngicas/criptococose. Acesso em 27/10/2022
Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aspergilose. Acesso em 27/10/2022
Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/candidiase-sistemica. Acesso em 27/10/2022