O novo Boletim InfoGripe Fiocruz, divulgado nesta semana, sinaliza que o vírus influenza A representou 24,6% dos casos positivos para vírus respiratórios, nos registros de síndrome respiratória aguda grave (srag), nas últimas quatro semanas.
O dado é referente à semana epidemiológica 42, de 16 a 22 de outubro, com base no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).
Para Pernambuco, o boletim da Fiocruz aponta crescimento moderado na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a semana 42. O estudo destaca que o aumento se concentra nas faixas etárias a partir dos 60 anos.
Ainda em relação ao Estado, de acordo com o Fiocruz, os dados laboratoriais ainda não permitem inferir se há predomínio de um vírus específico nessa tendência.
O epidemiologista George Dimech, da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), avalia que esse aumento pode ter relação com a circulação dos vírus influenza, recentemente detectados no Recife.
Até o momento, a capital pernambucana identificou, em unidades sentinelas, amostras positivas de influenza B e do influenza H1N1.
"Sabemos que o grupo dos idosos são os mais susceptíveis ao agravamento pela infecção decorrente dos vírus da gripe. Por isso, a possibilidade é de que esse aumento esteja relacionado à influenza, mas ainda é preciso aguardar resultados dos exames laboratoriais", diz George.
O epidemiologista da SES-PE ressalta que a influenza tem se disseminado em boa parte do Brasil. O boletim da Fiocruz, inclusive, destaca que o Estado de São Paulo e o Distrito Federal seguem registrando o maior volume absoluto de positivos para influenza nas últimas semanas.
O estudo da Fiocruz frisa que esse cenário serve de alerta para as demais unidades federativas do País, em decorrência da importância de São Paulo e do Distrito Federal no fluxo interestadual de passageiros.
Já se observa também um ligeiro aumento na presença do vírus influenza nos Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Nesses Estados, o aumento é concentrado na faixa etária de 0 a 4 anos, diferentemente de Pernambuco, onde se observa tendência de aumento nas três faixas da população a partir de 60 anos analisadas (60-69, 70-79, e 80 ou mais), embora seja um sinal incipiente, segundo a Fiocruz.
Ainda de acordo com George Dimech, a baixa cobertura vacinal de influenza é preocupante diante desse cenário de aumento de casos de srag em idosos no Estado de Pernambuco.
Segundo a SES-PE, com base nos dados do Localiza SUS, 845.959 idosos tomaram a vacina contra gripe este ano. Esse número representa apenas apenas 67,5% do público a partir dos 60 anos. A taxa está bem abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de pelo menos 90%.
"É importante que a população, principalmente os idosos, que são mais vulneráveis à gripe, procure as unidades de saúde para receber a vacina de influenza", salienta George Dimech.