O novo boletim epidemiológico de arboviroses do Ministério da Saúde, divulgado na segunda-feira (26), revela que o Brasil registrou o maior número de mortes causadas por dengue em 2022.
Dessa forma, o ano de 2022 foi o mais letal já registrado no Brasil.
Ao todo, o País acumula 987 mortes por dengue durante este ano. Além disso, outros 100 óbitos estão em investigação.
O dado deste ano da dengue ainda é parcial, pois são referentes às notificações ocorridas entre as semanas epidemiológicas 1 (2 de janeiro) a 50 (17 de dezembro).
Anteriormente, o maior número de vítimas fatais por dengue havia sido registrado em 2015, quando 986 pessoas foram a óbito por decorrência da infecção pelo vírus da dengue.
O volume de mortes pela arbovirose neste ano de 2022 é 301,2% maior que o de 2021, quando foram confirmados 246 óbitos por dengue.
Os Estados que confirmaram mais mortes pela dengue foram São Paulo, com 278 óbitos; Goiás, com 154; Paraná, com 108; Santa Catarina, com 88, e Rio Grande do Sul, com 66.
O boletim do Ministério da Saúde também mostra que este ano ocorreram 1.414.797 casos prováveis de dengue (taxa de incidência de 663,2 casos por 100 mil habitantes) no Brasil.
Quando comparado com o ano de 2021, ocorreu um aumento de 163,8% casos.
Para o ano de 2022, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 2.028,4 casos/100 mil hab., seguida das Regiões: Sul (1.046,8 casos/100 mil hab.), Sudeste (516,9 casos/100 mil hab.), Nordeste (424,7 casos/100 mil hab.) e Norte (261,5 casos/100 mil hab.).
Também foram confirmados 1.433 casos de dengue grave e 17.760 casos de dengue com sinais de alarme. Além disso, 631 casos de dengue grave e com sinais de alarme permanecem em investigação.
Na primeira quinzena de dezembro, infectologistas especialistas em arboviroses (doenças transmitidas por insetos) da Sociedade Brasileira de Infectologia advertiram que os dados da dengue de 2022 chamam a atenção, pois estão em pleno crescimento de mortes e casos.
Diante deste cenário epidemiológico, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) fez um alerta para que tenhamos urgência para a adoção medidas preventivas contra a dengue.
"É urgente que tenhamos uma política de retomada efetiva para combater o vetor da dengue (Aedes aegypti). A situação é crítica. Por isso, fazemos este alerta nacional", disse o vice-presidente da Sociedade Brasileira de infectologia, Alexandre Naime Barbosa.
Outro aspecto observado é que a dengue não é restrita a regiões quentes do Brasil. Hoje, os Estados do Sul, por exemplo, apresentam índices expressivos, seja no interior ou no litoral, o que expressa mais uma preocupação dos especialistas.
"A dengue teve aumento exponencial e, no Brasil, não tem mais fronteiras geográficas. Está presente em todos os Estados; é uma doença democrática", destacou o coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antonio Bandeira.
Além disso, segundo os infectologistas, a atenção tem que ser redobrada e permanente.
As medidas de enfrentamento às arboviroses se fazem cada vez mais necessária neste cenário, a fim de controlar a situação.
"Precisamos de recursos para o controle da dengue, que é uma doença que pode ser grave e levar a óbito. Todas as pessoas estão suscetíveis, e a conscientização é indispensável. Por isso nos comprometemos com esse alerta", complementa Alexandre Naime Barbosa.
O Aedes aegypti (vetor da dengue) é originário do Egito.
A dispersão pelo mundo ocorreu da África: primeiro da costa leste do continente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia.
O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Culex significa “mosquito” e aegypti, egípcio, portanto: mosquito egípcio.
O gênero Aedes só foi descrito em 1818. Logo, verificou-se que a espécie aegypti, descrita anos antes, apresenta características morfológicas e biológicas semelhantes às de espécies do gênero Aedes – e não às do já conhecido gênero Culex. Então, foi estabelecido o nome Aedes aegypti.