A busca por tratamentos de saúde à base de plantas medicinais é certamente uma das principais características de nossa cultura. Em muitos cenários, o potencial curativo desses vegetais pode superar os efeitos de fármacos industrializados.
Além disso, a utilização de remédios fitoterápicos em combinação com chás derivados de plantas naturais, é bastante comum na resolução de determinados problemas de saúde.
Em entrevista para o blog Casa Saudável, Leandro Medeiros, professor de Farmácia na Universidade Católica e educador em Fitoterapia, explicou quais são as principais características do uso da fitoterapia e das plantas medicinais.
FITOTERAPIA X PLANTAS MEDICINAIS: QUAL A DIFERENÇA?
“A planta medicinal é toda aquela que apresenta uma composição que pode gerar algum benefício à saúde. Ela tem o que nós chamamos de ‘propriedade terapêutica potencial’, explicou.
Normalmente, as plantas medicinais são bastante utilizadas na preparação de chás contra certo tipos de doença.
Já os medicamentos fitoterápicos são derivados das plantas medicinais, já com as doses adequadas às necessidades do paciente.
"É um produto farmacêutico tecnicamente elaborado e que tem como propósito promover tanto a prevenção de doenças quanto o alívio de sinais e sintomas, como a cura de doenças”, esclareceu.
CHÁS NATURAIS PARA TRATAR PROBLEMAS DE SAÚDE
O uso de chás naturais, feitos de plantas medicinais também é uma prática comum e que é passada por várias gerações.
Apesar de possuírem efeitos terapêuticos capazes de curar e mitigar alguns sintomas de doenças, o consumo excessivo ou em altas quantidades pode causar sérios prejuízos à saúde.
"Se vocês faz o uso de algum chá ou há a necessidade de adquirir, é importante falar com o farmacêutico para que ele possa indicar a quantidade correta", alerta Leandro.
No Brasil, farmacêuticos também são autorizados a receitar medicamentos cuja dispensa não exija prescrição médica.
VEJA 5 CHÁS COM EFICÁCIA COMPROVADA E PARA QUE SERVEM
Veja agora uma lista de chás com efeitos comprovados para a saúde.
1. Chá de isoflavona de soja
Os chás de isoflavona podem servir como uma alternativa para mulheres com sintomas da menopausa (calor e suores noturnos moderados).
O uso deste chá, quando feito de forma controlada, não altera o peso corporal ou a pressão arterial.
2. Chá de Alcachofra
Estudos científicos indicam que o chá de alcachofra é um excelente aliado para o tratamento das dislipidemias (níveis de colesterol alto no sangue).
Apesar disso, o chá deve possui efeitos leves, e deve ser associado ao uso de medicamentos para tratar casos de baixa gravidade.
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3. Chá de Valeriana
O chá de valeriana tem a sua eficácia comprovada para a diminuição dos sintomas da ansiedade, e só pode ser adquirido com a prescrição médica.
Mas atenção: consumo do chá de valeriana por mais de dois meses pode desencadear reações adversas, como enjoo, dores abdominais, e pode até levar à morte.
4. Chá de funchicórea
Este chá é popularmente conhecido por diminuir os sintomas das cólicas nos bebês.
Apesar de não ter a sua eficácia comprovada cientificamente, o chá de funchicórea faz parte do grupo dos chás tradicionalmente reconhecidos.
"Fazem parte desse grupo os medicamentos que tenham a eficácia reconhecida após mais de 30 anos de observações", explica o especialista.
5. Chá de camomila
Conhecido em muitas casas, o chá de camomila é destinado para pessoas com desordens gastrointestinais, contudo, ele também possui aval de entidades da saúde para tratar sintomas da ansiedade.
AS FARMÁCIAS VIVAS E A PRODUÇÃO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS
Leandro ressalta, também, que a cadeia de produção de medicamentos derivados de plantas medicinais está inserida na Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas, que englobam projetos como as Farmácias Vivas.
As Farmácias Vivas fazem parte de uma iniciativa do Ministério da Saúde, e são voltadas para a produção de remédios fitoterápicos a partir do cultivo das plantas medicinais em pequenas comunidades.
Essas farmácias realizam as etapas de cultivo, coleta, processamento, armazenamento e distribuição de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, também.
Apesar de ser um marco histórico para as políticas de saúde pública do país, a adesão dos municípios ainda é baixa. Ao todo, apenas 10 secretarias municipais adotaram as Farmácias Vivas. São elas:
- Afogados da Ingazeira (PE)
- Caruaru (PE)
- São Cristóvão (SE)
- Salvador (BA)
- Quijingue (BA)
- Varginha (MG)
- Brumadinho (MG)
- Cachoeiras de Macacu (RJ)
- Araraquara (SP)
- Pindamonhangaba (SP)
“Muitas vezes, é pela própria falta de interesse desses municípios em incorporar isso dentro da lista de medicamentos”, declarou o professor.
Além disso, ele também associa a não adesão aos tratamentos fitoterápicos a falta de conhecimento dos profissionais da saúde. “Muitos profissionais de saúde que são habilitados a prescrever, não prescrevem, porque não têm na sua formação a fitoterapia”, pontuou.