Com informações da Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz
Neste ano de 2023, a pandemia provocada pelo novo coronavírus entra no terceiro ano.
Mesmo ofertados gratuitamente, frascos e frascos de imunizantes correm risco de serem descartados devido à baixa procura pela vacinação contra a covid-19, principalmente por aqueles que precisam tomar a dose de reforço recomendada pelas autoridades de saúde.
Dessa maneira, variantes e subvariantes, como a XBB.1.5, recentemente detectada no Brasil, não param de surgir. A consequência é que milhares de novos casos ainda são notificados em todo o mundo.
Para explicar o atual cenário da emergência sanitária, pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tiram dúvidas sobre transmissão, vacinação, sequenciamento genômico e notificação de casos.
Desde o começo da pandemia, a equipe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz (referência em vírus respiratórios para o Ministério da Saúde e em Covid-19 nas Américas para a Organização Mundial da Saúde) atua no diagnóstico e sequenciamento genético do coronavírus, como também em pesquisas e capacitação de profissionais.
A linhagem XBB.1.5 do coronavírus, altamente transmissível, é mais uma sublinhagem da variante ômicron.
"Faz parte do processo natural de evolução do SARS-CoV-2 (coronavírus) adquirir novas mutações para se adaptar à população. Enquanto o vírus circular em altas proporções, existe a possibilidade de surgimento de novas variantes", diz a pesquisadora Paola Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e uma das curadoras da plataforma Gisaid (principal banco de dados genéticos do coronavírus).
"Por isso, o ideal é que a gente reduza ao máximo essa circulação, para que as chances de surgimento de uma nova variante, que pode ter maior impacto na dispersão da covid-19, seja reduzida", salienta.
A pesquisadora sublinha que a vacinação é fundamental, pois contribui para o vírus circular menos e reduz a possibilidade de gravidade daqueles indivíduos infectados.
"As medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, também são importantes quando o indivíduo estiver exposto a aglomerações. Isso reduz a chance de transmissão e, consequentemente, o aumento da circulação viral, que eleva a possibilidade de emergência de novas variantes", acrescenta Paola.
Em relação à China, especialistas destacam que o aumento de casos no país não é causado pela variante XBB.1.5.
"Lá, as variantes que predominam são BA.5.2 e BF.7. Porém, o que vemos, com os dados até o momento, é que a China está com uma vigilância genômica não condizente com o tamanho da sua população e com o número de casos registrados", diz a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
"É preciso aumentar o número de amostras sequenciadas para que possamos ter um panorama mais preciso das variantes em circulação. Além disso, com a escalada de casos, pode ocorrer o aparecimento de outras variantes. Não quer dizer que isso necessariamente vai acontecer. Mas, quanto mais o vírus se multiplica, maior a chance de mutações", complementa Marilda.