SUPERFUNGO EM PERNAMBUCO: Idoso internado em HOSPITAL PARTICULAR do Recife é terceiro caso de Candida auris em 2023 em Pernambuco

Candida auris facilmente se mantém dentro de hospitais onde é detectada; é muito difícil de ser erradicada
Cinthya Leite
Publicado em 23/05/2023 às 20:34
O superfungo Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a desinfetantes Foto: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS


A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirma, nesta terça-feira (23), o terceiro caso deste ano, no Estado, de paciente com o superfungo Candida auris.

A pasta informa que o paciente é um homem de 66 anos e está internado em hospital particular, no Recife. Não foi informado o nome da unidade de saúde onde ele está internado. 

Os outros dois casos confirmados esta semana também são do sexo masculino e estão em hospitais da rede pública localizados no Grande Recife. 

Um paciente, de 48 anos, está internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. Ele teve a confirmação de Candida auris no dia 11 de maio.

Após confirmar o caso, o Miguel Arraes precisou suspender os novos atendimentos.

Dessa forma, o hospital tem recebido apenas pacientes que seguem a classificação de caso de urgência. 

Com o fechamento da unidade para receber novos atendimentos, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informa que tem feito o encaminhamento dos pacientes de acordo com o perfil assistencial de cada caso.

"A Central Estadual de Regulação de Leitos segue no monitoramento das unidades da rede estadual de saúde." 

O outro paciente, de 77 anos, está no Hospital do Tricentenário, localizado em Olinda. A confirmação do superfundo Candida auris foi dada no dia 14 de maio. 

Diferentemente do Miguel Arraes, o Hospital do Tricentenário continua a receber novos pacientes

A SES-PE explica por quê. "No setor onde o paciente está internado, foi estabelecida imediata intensificação das ações de limpeza e desinfecção de ambiente", diz. 

A secretaria ainda acrescenta que o local está isolado para acompanhamento, e a liberação se dará a partir do momento em que seja observada a permanência da negatividade dos resultados laboratoriais nas amostras biológicas do paciente com Candida auris e seus contatos. 

Em Pernambuco, os primeiros casos do superfungo Candida auris reconhecidos oficialmente aconteceram em janeiro de 2022: um homem de 67 anos e uma mulher de 70 anos, internados no Hospital da Restauração, no Derby, área central do Recife.  

Em setembro do ano passado, Pernambuco acumulava 43 casos confirmados de Candida auris. Os pacientes, entre 19 e 82 anos, tiveram diagnóstico de colonização pelo superfungo.

Não há ainda, de acordo com a SES, evidência do vínculo desses três casos de 2023 entre si ou com casos anteriores, ocorridos em 2022.

SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: infectologista tira dúvidas sobre surto de Candida Auris 

O infectologista Flávio de Queiroz Telles Filho, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que a Candida auris ocorre como infecção hospitalar, que pode causar casos graves de septicemia (condição de resposta exagerada a uma infecção, seja por bactérias, fungos ou vírus) ou apenas colonizar a pele de pacientes. "Mas ela facilmente se mantém dentro de hospitais onde é detectada. É muito difícil de ser erradicada", frisa.

O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos. "É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que se preocupa com o potencial agressivo desse fungo.

Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

Outro motivo de preocupação é que a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.

O infectologista Arnaldo Lopes Colombo, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e referência nacional em contaminação com fungos, informa que o tratamento da Candida auris é feito com antifúngico.

"O único problema é que é um micro-organismo com capacidade de persistir no ambiente hospitalar por muito tempo. Se não forem instituídas medidas de desinfecção adequada, o fungo pode colonizar esses pacientes por tempo prolongado e se tornar resistente a medicações", alerta o médico.

SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: O QUE É CANDIDA AURIS E QUAIS OS SINTOMAS?  

Além do Recife, a cidade de Salvador já registrou dois surtos provocados pelo superfungo em hospitais: um em 2020; outro em 2021.

A Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública. Ele pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.

Ele pode ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com doenças crônicas.

Os pacientes com Candida auris podem não apresentar sinais relacionados à infecção pelo superfungo, mas ter quadro sugestivo de colonização. A diferença entre ambas as condições é que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea. 

SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: COMO A CANDIDA AURIS É TRANSMITIDA? 

A transmissão do superfungo Candida auris ocorre diretamente de equipamentos e materiais de assistência ao paciente com Candida auris (como estetoscópios e termômetros, além de outros), mas nada impede que essa transmissão também aconteça pelas mãos dos profissionais de saúde. Por isso, a higienização das mãos precisa ser respeitada.

O SUPERFUNGO CANDIDA AURIS TEM TRATAMENTO?  

De acordo com o infectologista Filipe Prohaska, o maior problema relacionado ao fungo é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos.

"É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes a medicações como fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

Outro motivo de preocupação é que a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a desinfetantes.

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