No Brasil, estima-se que dois milhões de pessoas vivam com o transtorno do espectro autista, conhecido pela sigla TEA.
O termo "espectro" foi inserido ao nome do transtorno autista em 2013, devido à diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam. Cada paciente tem o seu próprio conjunto de manifestações, o que o torna único dentro do espectro.
O transtorno do espectro autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, como também padrões de comportamentos repetitivos.
Em alguns casos, a pessoa com TEA pode apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
O autismo e os transtornos do desenvolvimento são condições que afetam o neurodesenvolvimento infantil. É importante que os pais estejam atentos a condição, a fim de procurar um médico o mais cedo possível.
O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento do transtorno do espectro autista. Quanto mais cedo o acompanhamento médico é iniciado, maiores as chances de a pessoa com autismo ter qualidade de vida.
O processo para detectar o autismo, contudo, pode ser um desafio, pois os sintomas variam em intensidade e gravidade, a depender de cada pessoa.
Além disso, muitas vezes as crianças com autismo e transtornos do desenvolvimento têm outras condições associadas, como dificuldades de aprendizagem ou quadros de saúde mental.
O tema será abordado nesta sexta-feira (2) pelo neuropediatra Lucas Alves, durante o Congresso Pernambucano de Especialidades Pediátricas, que acontece no Recife.
O médico ressalta a importância de um acompanhamento médico cuidadoso e personalizado para cada criança, com base nas necessidades individuais.
O tratamento do transtorno do espectro autista pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, terapia da fala e medicamentos, se necessário.
De acordo com Lucas Alves, muitas famílias enfrentam dificuldades ao lidar com condições como o autismo. Geralmente, elas se sentem perdidas e sobrecarregadas, sem saber lidar com os comportamentos da criança ou coma forma adequada que a ajude a se desenvolver melhor.
Por isso, o neuropediatra ressalta que o apoio à família é fundamental, com orientações e suporte emocional.
A idade limite para o diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista ainda é uma questão em debate na comunidade médica.
Independentemente de faixa etária específica, recomenda-se que, diante de qualquer possível atraso observado, as famílias devem procurar um profissional especializado para início de uma investigação.
"Geralmente, o bebê tem uma interação com os pais. Então, o olhar na hora de amamentar é importante. Deve-se também reparar se o bebê se aconchega no colo. Por volta de 1 ano, a criança é chamada pelo nome e olha. Quando acontece alguma coisa em casa, ela segue com os olhinhos. Não significa que, se a criança não fizer isso, ela tem um diagnóstico de TEA, mas é importante que isso seja visto e avaliado", orienta Lucas Alves.
Veja características de comunicação e interação social relacionadas ao transtorno do espectro autista:
Veja comportamentos ou interesses restritos ou repetitivos relacionadas ao transtorno do espectro autista:
Veja outras características relacionadas ao transtorno do espectro autista:
Um estudo recente, publicado em março de 2023, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), revelou que uma a cada 36 crianças nos Estados Unidos tem transtorno do espectro autista.
"Talvez por isso, muitas futuras mães têm me perguntado frequentemente se existem formas de diminuir o risco dos seus filhos nascerem com o transtorno", diz Lucas Alves.
"Precisamos esclarecer que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que irá se estabelecer nos primeiros três anos de vida. O indivíduo já nasce com uma carga genética que irá predispor a desenvolver o autismo", acrescenta.
O depoimento do neuropediatra sinaliza que existe uma forte predisposição genética para o autismo.
"Em alguns casos, essa carga genética já é suficiente para que ele desenvolva o autismo. Porém, na minoria dos casos, algum tipo de fator ambiental pode estar relacionado ao autismo."
Ainda de acordo com Lucas Alves, a ciência já mapeou mais de 77 genes, embora não exista um único deles responsável pelo autismo. "São alterações em diferentes trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno, mas elas sozinhas não são capazes de explicar 100% dos casos. É aí que entra o que chamamos de fatores ambientais, principalmente aqueles que acontecem durante os nove meses de gestação."