POLIOMIELITE: 'Gotinha' contra PÓLIO será substituída por vacina injetável; veja como será a mudança

A nova recomendação foi apresentada, nesta sexta-feira (7), durante live da ministra da Saúde, Nísia Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Cinthya Leite
Publicado em 07/07/2023 às 15:51
Desde 1989, não há notificação de caso de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos anos Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil


O Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a vacina oral contra poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024.

A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença.

A pasta reforça que a atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como "gotinha", e sim um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal que será feito após um período de transição.

O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, também vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo Brasil, participando das ações de imunização e campanhas do governo federal. 

A nova recomendação foi apresentada, nesta sexta-feira (7), durante live da ministra da Saúde, Nísia Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O objetivo da reunião com representantes da instituição em todas as regiões do Brasil foi expor as ações do Ministério da Saúde pela retomada das altas coberturas vacinais, principalmente entre as crianças. 

Em relação aos imunizantes contra a pólio, a indicação é para o Brasil adotar exclusivamente a vacina inativada contra poliomielite (VIP) no reforço aos 15 meses de idade, que atualmente é feito com a forma oral do imunizante.

O Ministério da Saúde decidiu atualizar o esquema contra poliomielite para evitar possível retorno da doença por meio do vírus 'mutante', que raramente pode ser gerado pela vacina oral.

"A proteção (oferecida pela VOP e VIP) é similar. A questão é que, com a atualização (usando apenas a injetável), há maior segurança, sem risco de reversão da neurovirulência do vírus vacinal atenuado", explica o pediatria Eduardo Jorge da Fonseca Lima. 

Ele acrescenta que as crianças já vacinadas no esquema atual (VOP + VIP) não precisam receber novas aplicações. "A partir da modificação, serão substituídos os reforços que eram feitos com a VOP (oral) pela VIP (injetável)."

A VIP (forma injetável) já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação.

Portanto, após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina, tomarão apenas um reforço com a VIP (injetável) aos 15 meses.

A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema.

Desde 1989 não há notificação de caso de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos anos.

Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% em 2022, longe da meta de 95% para essa vacina.

Por isso, a mobilização para retomar as altas coberturas vacinais do país, que já foi referência internacional, é fundamental.

RETOMADA DAS ALTAS COBERTURAS

Para combater o risco de reintrodução de doenças que já foram eliminadas pela vacinação, como a poliomielite, o Ministério da Saúde inova nas ações para retomada das altas coberturas vacinais com a adoção do microplanejamento.

Entre as estratégias que podem ser adotadas através do microplanejamento pelos municípios, estão a vacinação nas escolas, a busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação extramuros, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.

Equipes da Pasta vão aos Estados para participar das ações deste método, como a análise da situação dos dados (características geográficas, socioeconômicas e demográficas locais), definição de estratégias de vacinação (intra e extramuro), seguimento e monitoramento das ações e avaliação de todo o processo da vacinação para o alcance das metas.

A ideia é que o município se organize e se planeje considerando a realidade local.

Dessa maneira, a estratégia de imunização será adaptada conforme a população, a estrutura de saúde, a realidade socioeconômica e geográfica.

Com base nessa estratégia, a pasta antecipou a multivacinação em estados de fronteira, como Acre e Amazonas. 

O próximo Estado a receber essa ação será o Amapá, a partir do dia 15 de julho.

 

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